Histórias de sacrifício, de coragem, de determinação e esperança

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Mónica Costeira, ao centro.

Mónica Costeira escreve histórias de terras abandonadas, onde se morre por tudo e por nada, onde a luta pela sobrevivência está sempre na ordem do dia. 

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“Aquele som inquietante consumia-me.
Queria adormecer, mas não conseguia.
A minha barriga, com aquele som repetitivo e desconcertante, fazia questão de me
recordar que eu tinha fome, muita fome…
Doíam-me a barriga e a cabeça, mas doía-me ainda mais a alma, doía-me ainda mais
saber que aquele som, que eu não conseguia calar, falava por mim e mostrava à minha
mãe que eu tinha fome. Dizia-lhe constantemente que tínhamos ido dormir sem
comer…uma vez mais.”
Juma, 9 anos, Sudão do Sul / Excerto do livro “Se tu vivesses o que eu vi”

Mónica Costeira é natural de Aveiro, tem 37 anos, é médica pediatra e escritora, tendo recentemente publicado o seu primeiro livro “Se tu vivesses o que eu vi”, um livro de relatos em contexto humanitário. Através do seu livro, partilha “histórias de terras abandonadas, onde se morre por tudo e por nada, onde a luta pela sobrevivência está sempre na ordem do dia. Histórias de sacrifício, de coragem, de determinação e esperança.”

Relata que o interesse pela Medicina surgiu desde cedo, inerente à vontade de ajudar o outro. Porém, tornou-se mais forte quando, aos doze anos, ficou doente e esteve internada por longos períodos. Foi naquele momento que decidiu que queria estudar Medicina em Coimbra. Refere que uma das suas motivações é prestar assistência a populações mais vulneráveis, pelo que se tem dedicado ao trabalho humanitário. Realizou voluntariado na Grécia prestando assistência médica a crianças em diversos campos de refugiados; esteve em Timor-Leste, onde desenvolveu um Projeto de Educação para a Saúde numa das escolas do município de Ermera e colabora com a Organização Não Governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF). Através desta ONG participou em três projetos humanitários: Malakal, Sudão do Sul, em 2020; Al-Qanawis, Iémen, em 2021 e Mazar-i-Sharif, Afeganistão, em 2023.

​​Sempre gostou de escrever, revelando que, nos últimos anos, se tornou uma terapia para processar as suas vivências. No contacto com diferentes realidades sentiu-se impelida “como se se tratasse de uma necessidade, a escrever, contar ao mundo e perpetuar as histórias de algumas pessoas.” Escreveu o seu primeiro livro “como meio de consciencializar para as desigualdades sociais e sofrimento humano partilhado, promovendo uma catarse que possa despertar mudança de mentalidades e atitudes.” Refere que, através das histórias que nos conta, pretende “estimular empatia e compaixão, curiosidade pela diversidade, aceitação, tolerância, conexão humana, ativismo e criatividade”.

Convida aqueles que embarcarem nesta leitura a tornarem estas histórias reais não só para quem as vive diariamente, apelando ao nosso poder público e cívico para que nos indignemos face às circunstâncias que motivam tais injustiças.

Encomendas em https://www.atlanticbookshop.pt/autor/monica-costeira

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