Novo estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente – Automóveis híbridos plug-in apresentam emissões muito superiores às publicadas pelas marcas e saem mais caros aos condutores que os 100% elétricos.
Por ZERO ONG *
Os automóveis híbridos plug-in representam em teoria o melhor de dois mundos: movidos a eletricidade nas curtas distâncias e baixas velocidades, evitando contribuir para poluição do ar nas zonas urbanas, e a combustão nas grandes, contornando as limitações de autonomia das baterias dos 100% eléctricos. Contudo, já anteriormente estudos da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, organização que a ZERO integra, mostraram que estes automóveis produzem mais emissões do que aquelas que são prometidas pelas marcas, estando longe de ser uma alternativa ambientalmente aceitável aos carros 100% a combustão.
Em 2020, um desses estudos, com automóveis SUV híbridos plug-in, revelou que as emissões destes veículos estavam muito próximas das dum veículo puramente a combustão. Desta vez, num novo estudo agora divulgado, foram estudados três outros modelos de automóveis híbridos plug-in, um BMW série 3, um Peugeot 308 e um Renault Megane, analisando as suas emissões em diferentes situações de condução e comparando o seu custo total de aquisição, utilização e manutenção com equivalentes 100% elétricos. Os resultados deste estudo mostram várias conclusões preocupantes:
Embora a autonomia em modo eléctrico do Renault seja semelhante ao anunciado – embora somente de 50km –, a do BMW é 26% inferior (41km) e a do Peugeot 47% (34km);
Em viagens casa-trabalho, iniciando as viagens com a bateria totalmente carregada e conduzindo no modo pré-seleccionado pelo veículo, o Peugeot e o Renault emitiram 1,2-1,7 vezes mais que os valores oficiais (33 – 50 gCO2/km). O BMW emitiu mais de 100 gCO2/km, o que é mais de três vezes o valor oficial;
Estes automóveis emitem 5-7 vezes mais que os valores oficiais caso tenham a bateria descarregada.
Automóveis híbridos plug-in são caros para os governos e para os condutores
Por serem apresentados como uma alternativa de baixas emissões em relação aos carros a combustão clássicos, os híbridos plug-in beneficiam de subsídios do Estado em Portugal, com um desconto de 75% no ISV caso tenham uma autonomia mínima (oficial) de 50 km em modo elétrico e emissões inferiores a 50 gCO2/km. No caso dos três modelos em apreço, todos cumprem os critérios, mas o estudo demonstra que, na prática, estes parâmetros estão longe de serem cumpridos, pelo que a ZERO entende que o Governo deveria retirar os apoios a este tipo de automóveis, os quais ascendem a vários milhões de euros por ano.
Além disso, para o proprietário fica mais caro um carro híbrido plug-in do que um 100% elétrico: por exemplo, no espaço de quatro anos a troca de um Peugeot 308 híbrido plug-in para um Citröen eC4 permite economizar 4.800 euros, a de Renault Megane híbrido plug-in para um Megane 100% elétrico 1.300€, e a do BMW série 3 para um Tesla Model 3 2.600 euros.
Novos records de vendas em Portugal para automóveis 100% elétricos, mas também para automóveis híbridos plug-in
Em Portugal, em termos mensais nunca se venderam tantos automóveis 100% elétricos como no passado mês de janeiro, num total de 2.509 unidades, o que representa um aumento de 121% em relação ao mês de Janeiro do ano passado (dados da UVE). De facto, nos últimos anos as vendas de automóveis 100% elétricos têm aumentado expressivamente, mas em 2022 representaram ainda apenas cerca de 11,4% das vendas do ligeiros de passageiros. Contudo, as vendas de híbridos plug-in, com cerca de 10,3% da quota de mercado, não estão muito abaixo, pois nas vendas conjugadas destes dois tipos de automóveis os híbridos plug-in representaram ainda cerca de 44% – ou seja, uma situação inversa da que ocorreu até 2021, pois nessa altura os 100% eléctricos é que apresentavam a quota minoritária.
A ZERO vê a ultrapassagem nas vendas dos automóveis plug-in híbridos pelos 100% elétricos como positiva, mas insuficiente para cumprir os objectivos da descarbonização na mobilidade. Para a ZERO, o transporte público, a mobilidade em modos suaves, como a bicicleta, e a mobilidade pedonal são os pilares fundamentais da mobilidade sustentável.
* Artigo originalmente publicado por ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável em Zero.ong.
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