Ser professor é professar o compromisso de uma vida. É abdicar de descanso em prol de conhecimento. É ensinar a viver e a aprender. É entender quem nos escuta e falar na sua linguagem.
Por Lucília Santos *
É aprender mais e sempre, para que o conhecimento evolua e a aprendizagem seja válida. É encontrar felicidade no sucesso de outros. É guardar recordações daqueles que ajudamos a aprender. É sentir-se realizado quando quem ensinámos se lembra de nós. É estar sempre “lá” quando é necessário. Estar sempre de prevenção para esclarecer e apoiar outros.
É entrar na escola antes dos 6 anos e sair depois dos 60. É deixar um legado muitas vezes não reconhecido. Tantas vezes esquecido. Muitas vezes não utilizado. Por vezes dorido e incompreendido, por extemporâneo. Mas tantas vezes reflectido no sucesso de outros, tantas vezes o fundamento de mais e melhor conhecimento e de mais e melhor qualidade de Vida, que essas vezes valem por todos os obstáculos que é necessário ultrapassar.
Por todas as batalhas que é preciso ganhar. Por todo o esforço investido no percurso.
É fazer da escola a nossa casa. Dos colegas os nossos amigos – a família que “escolhemos”. Dos alunos, o futuro.
Ser professor é ser responsável por tantas vivências, tantos sucessos, tantos fracassos, tantos percalços, tantas aventuras, que se torna angustiante pensar no alcance das consequências do nosso ensino: ensinar a ler, e ensinar a interpretar; ensinar a escrever, e ensinar a redigir; ensinar a contar, e ensinar a calcular.
Ser professor é potenciar aprendizagens, estar atento a como fomentar o interesse, a identificar talentos, a ajudar a ultrapassar a dificuldades, a tratar todos de forma equivalente, a imprimir um ritmo de trabalho que respeite as diferenças, a identificar onde, no dia-a-dia, o conhecimento pode fazer a diferença.
Ser professor é “vestir a camisola”. É cuidar de si e fortalecer-se, evoluir no pensamento e na prática, diversificar a experiência, melhorar a própria Vida: a responsabilidade é, também, consigo.
De uma forma ou de outra, o impacto nas vidas que influenciamos, dirá de nós. Se cumprimos o nosso objectivo. Se fomos fiéis ao compromisso.
E, se esse compromisso resultou de uma vocação, é um enorme orgulho e tão gratificante poder dizer, para lá dos 60 anos, “eu sou professora!”.
Os professores, se não o fossem, quem o seria? Quem estaria disposto a ter como objectivo e vocação a dedicação ao desenvolvimento dos outros – dos mais jovens aos menos jovens? Quem ocuparia esse lugar, quem aceitaria essa responsabilidade, quem se comprometeria a produzir recursos, a potenciar conhecimento e a moldar espíritos que são os garantes da sobrevivência do ser Humano e da nossa sociedade?
Nenhuma outra profissão tem este privilégio, este desafio e tão grande responsabilidade!
Nenhum outro profissional ousa tanto!
Há que ser Professor!
* Docente do Departamento de Física – Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro (UA). Artigo publicado originalmente no site UA.pt.
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