A aptidão para nos compreendermos uns aos outros, e ultrapassar toda uma panóplia de barreiras culturais levantadas pela globalização, é um dos principais requisitos para abordar, efetiva e adequadamente, as questões levantadas pela diversidade.
Por Francisco Rocha *
Os fluxos demográficos, o aumento exponencial do número de imigrantes, refugiados e deslocados – “a mundialização da cultura”, conduziu a mais encontros entre pessoas, e a preocupações acrescidas com aspetos culturais.
A escola tem aqui um papel preponderante ao receber uma população estudantil cada vez mais diversificada, sendo inevitável, reforçar a configuração e organização do sistema educativo nesses domínios.
O objetivo aqui é destacar a urgência de reconhecer a diversidade cultural e linguística nas escolas, e a necessidade de implementar novos modelos interculturais, na sequência daquilo que há muito é preconizado em diversos documentos orientadores da UNESCO, onde se reitera a assunção de que o respeito pela pluralidade deve ser uma característica essencial da Humanidade, e que, por isso mesmo, é fundamental ampliar todo um grupo de valores, atitudes, competências e conhecimentos que nos permitam compreender e respeitar pessoas culturalmente diferentes de nós. Assim sendo, a escola e a educação devem desenvolver estratégias, modelos e ferramentas capazes de abordar a comunicação intercultural, procurando responder às incongruências e clivagens apresentadas por uma sociedade cada vez mais multicultural, fomentando a aprendizagem de atitudes passíveis de dar resposta à diversidade e ao pluralismo cultural com inegáveis virtudes inclusivas.
A aquisição/desenvolvimento de competências interculturais é, de facto, um desafio importante para a construção de uma sociedade de múltiplos significados – na promoção de um diálogo informado, e na formação de pessoas capazes de interagir, adequadamente, com diversos grupos culturais. Uma sociedade moderna, do séc. XXI, tem que estar preparada para uma maior complexidade das vertentes culturais, e de outras questões que enformam as redes sociais.
Cabe, pois, à escola procurar compreender o papel da cultura na educação; compreender as expetativas que diferentes grupos culturais têm sobre a educação; entender como as identidades culturais são formadas através do processo educativo; explicar como diferentes possibilidades podem influenciar a comunicação dentro do contexto educativo; explicar como as diferenças de poder podem influenciar a comunicação em contexto educativo, e, ainda, ser capaz de descrever várias questões sociais que se refletem na educação. Como referia Ban Ki-moon “a educação dá-nos a possibilidade de compreender que todos somos cidadãos de uma comunidade global, e que os nossos desafios estão interligados”.
* Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Texto originalmente publicado no site UA.pt.
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