O ano 2020, comprovou o quanto foi (e continuará a ser) fundamental continuar a investir na investigação científica, na promoção da sua sustentabilidade, na medida em que possibilita avanços em diferentes campos (como o da saúde), melhorando a qualidade de vida dos cidadãos.
Por Cecília Guerra *
A reflexão sobre a importância do investimento público ou privado na investigação científica, quer seja em Ciências Físico-Naturais, quer seja em Ciências Sociais e Humanas, para o bem-estar comum da sociedade não é uma tendência de hoje. Quer estejamos a falar de investigação teórica ou aquela que se expressa pela intervenção prática, como a Educação, é consensual que esta exista para que os cidadãos possam usufruir dos resultados da mesma.
Podemos enumerar vários exemplos. Um deles é bem recente, relevante e conhecido por todos: as diversas vacinas concebidas para combater o vírus da COVID-19.
A rapidez de conceção, validação e aplicação de uma solução para um problema mundial (a pandemia) só foi possível graças a anos de investimento público e privado na investigação científica, e a um processo eficaz de colaboração entre a comunidade científica, a política e a empresarial.
Infelizmente, a prática tem-nos demonstrado que, por vezes, devido a limitações orçamentais, muitos projetos de investigação válidos têm ficado congelados, impedindo que as equipas se mantenham a trabalhar na sistematização de ideias e consolidação de resultados.
Nos últimos anos procurámos saber junto de coordenadores e participantes-chave de projetos como têm procurado contribuir para a sustentabilidade da investigação, quer esta seja elencada ou não em (mais) financiamento público ou privado.
A explicação está na ação de diversos atores-chave, especialmente: os investigadores, pela sua dinâmica, competências e capacidade de inovação e resiliência; os líderes institucionais, pela sua visão estratégica, rede de contactos, e capacidade de integração dos outputs dos projetos no contexto coletivo; os empresários, pela necessidade e predisposição para inovar através e com a investigação científica, numa perspetiva de win-win entre a teoria e a prática; e, finalmente, os decisores políticos, pela definição das agendas de investimento da investigação, tendo em conta a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, decorrente dos contributos do conhecimento científico.
Concluímos que um diálogo eficiente entre estes diferentes atores-chave pode promover a sustentabilidade da investigação científica e contribuir para uma maior permeabilidade das fronteiras entre as diversas esferas da sociedade (por exemplo, a política) em relação aos contributos do conhecimento científico.
O ano 2020, comprovou o quanto foi (e continuará a ser) fundamental continuar a investir na investigação científica, na promoção da sua sustentabilidade, na medida em que possibilita avanços em diferentes campos (como o da saúde), melhorando a qualidade de vida dos cidadãos.
A Ciência cria conhecimento científico. Mas é crucial construir (mais) pontes para que esse conhecimento seja disseminado e (esperemos) explorado pelos diversos atores da sociedade. Este tem sido, e continuará a ser, um dos propósitos da rúbrica do (H)À Educação – construir pontes de diálogo de Ciência (neste caso, de investigação em Educação). Um excelente ano 2021!
* Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Artigo publicado originalmente no site UA.pt.