Selecionar o que é informação de qualidade, identificar o que precisamos saber e identificar quais as fontes credíveis são competências a alcançar numa literacia informacional eficaz.
Por Isabel Pinho e António Pedro Costa *
Num tempo de pandemia e de guerra na Europa, diversos órgãos de comunicação, essencialmente através de canais digitais, têm produzido e disseminado um número significativo de “notícias”. Neste contexto, também existe um aumento potencial na promoção da desinformação e da infodemia.
Exemplos deste ambiente caótico de desinformação na área da saúde, especificamente relacionado com a COVID-19, traduzem-se em contradições dos políticos que negligenciam aquilo que cientificamente é designado como “a evidência”. No entanto, a realidade, muitas vezes, mostra-nos que a qualidade da informação é deficitária e pouco escrutinada. Desde erros involuntários a intencionais (desinformação), a notícias falsas com vista a manipular as pessoas, torna-se obrigatório fazer uma análise da credibilidade e da fiabilidade da informação. Por outro lado, a infodemia traduz-se no excesso de informação sobre determinado tema, por vezes incorrecta e produzida por fontes não verificadas ou pouco fiáveis, que se propaga velozmente.
Apesar de ser consensual considerar que estamos numa Sociedade de Informação, é necessário desenvolver competências de leitura, interpretação e análise crítica que permitam saber analisar a credibilidade e qualidade da informação. Se um cidadão necessita de desenvolver estas competências para exercer em pleno direito uma cidadania plena também ela é crucial para os formuladores de políticas e tomadores de decisão, de modo a que a informação seja utilizada como base de trabalho.
Reconhecer/identificar uma notícia falsa ou detetar o uso de informações enganosas/manipuladas é cada vez mais premente. Estas práticas são recorrentes em contexto de guerra, como no caso da Ucrânia, em que as fotos e os vídeos não correspondem à realidade daquele momento ou são acompanhadas por alegações duvidosas sobre o conflito. Assim torna-se importante lidar criticamente com as informações. Em suma, perante uma notícia ou informação, deve procurar obter respostas para as questões : Sei onde, quando e porque motivo a fotografia ou vídeo foi concebido? Sei quem realizou? Sei qual é a versão original? Sem conseguir dar respostas a estas perguntas não deve disseminar a notícia e, desse modo, evita estar a ser manipulado e a ser veículo de manipulação.
Para além da literacia em informação, ou seja competência de avaliar criticamente a informação, atendendo à credibilidade das fontes ao seu conteúdo e dados de suporte, também é importante que a tomada de decisão seja baseada em informação proveniente de diversas fontes de informação. Mas tal pode originar dificuldades para lidar com excesso de informação. Assim, é importante saber selecionar informações relevantes e de qualidade. Saber analisar, interpretar e sintetizar de modo crítico são competências a desenvolver que podem ser mitigadas com o trabalho de equipas que apresentem sínteses para as diversas audiências.
Em suma, selecionar o que é informação de qualidade, identificar o que precisamos saber e identificar quais as fontes credíveis são competências a alcançar numa literacia informacional eficaz.
* Investigadores da unidade Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Artigo publicado originalmente no site UA.pt.
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