Há poucas semanas regressei ao BioRia, em pedaladas que eu tanto aprecio e que apareceram nos ‘Há dias assim’, percorrendo os numerosos caminhos que este território lagunar nos oferece. De Aveiro até à Murtosa, passando por Vilarinho, Sarrazola, Fermelã, Canelas, Salreu, Estarreja, Veiros, até ao cais do Bico na Murtosa. Foi, como sempre, um passeio maravilhoso onde pude desfrutar de uma natureza rica na sua biodiversidade, apreciando as numerosas cegonhas, garças e outras aves e uma paisagem lagunar, em tempos de maré baixa, deixando adivinhar a riqueza que estas águas escondem.
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Simplesmente, como tem vindo sendo habitual, fiquei imensamente triste, sem esconder uma enorme revolta, constatando o estado em que estes caminhos e estruturas de lazer e de repouso se encontram. Mas completamente ao abandono! O costume, tudo bonito para as inaugurações e depois esquecem-se que inauguraram alguma coisa, neste caso os caminhos e zonas de lazer do BioRia.
São os edis que temos, quando não têm a sensibilidade e o tempo de percorrerem a pé ou de bicicleta estes espaços. Depois de tanto trabalho e tanto dinheiro gasto, não há nenhuma preocupação, nem dos serviços técnicos nem dos edis responsáveis, por preservar estes espaços maravilhosos.
Vamos aos pormenores, começando pela ligação de Sarrazola até Fermelã, sempre ao longo dos esteiros. Aqui é sistémico desde que o POLIS Litoral, sob égide da CIRA, fez obras para melhorar estes caminhos e instalou as zonas de lazer. Não esquecer que este POLIS, no seu Conselho de Administração, tinha os edis da região, da CIRA e, portanto, de Estarreja. Foram arranjos mal feitos e desde o 1º Inverno, os buracos enormes apareceram e os caminhos ficaram intransitáveis. Depois foi a CIRA a inaugurar a Grande Rota que passa por esses caminhos. Além de uma sinalética, o resto ficou por fazer, ou seja, obrar para melhorar o estado desses caminhos. E todos os anos a situação repete-se, com a impraticabilidade destes acessos. A chuva não fez mais que pôr em relevo, colocar a nu, a falta de manutenção. Ela, a chuva, em nenhum caso pode servir de desculpa para encobrir a ausência de manutenção da parte dos serviços camarários de Estarreja, se, efectivamente, são eles que têm a responsabilidade desta tarefa.
Continuando a viagem e a caminho de Salreu, encontro uma excepção que é o percurso do Rio Jardim onde já tinha passado com as ervas até aos ombros. Desta vez estava tudo limpo. Provavelmente em ligação com o trabalho do cultivo do arroz. Mas o resto do caminho até ao Centro de Interpretação do BioRia em Salreu, não estava melhor. Também em Fermelã, os caminhos que ladeiam o esteiro local não estão melhores. Finalmente, o espaço de lazer na zona de Canelas, junto à comporta do esteiro, está completamente abandonado, há mais de um ano. É uma tristeza ver este abandono. Nem a Junta de Freguesia se mexe para encontrar uma solução? Denunciar na Assembleia Municipal esta degradação do mobiliário e espaço públicos?
Continuando até ao Esteiro de Estarreja, com os caminhos em estado lastimoso, deparo-me com o espaço de lazer completamente e também ao abandono, com as ervas a cobrirem os assentos e mesas. Quando sabemos o preço que isto custou ao erário público, francamente, senhores edis, senhor Presidente, um bocadinho mais de respeito pelos utentes destes espaços, um bocadinho mais de interesse pela natureza e embelezamento da cidade. O esteiro também faz parte da cidade de Estarreja e o BioRia não é só o Caminho de Salreu que, este, também está a sofrer com a falta de manutenção. Uma vez mais, uma enorme revolta perante as incúrias dos responsáveis da autarquia estarrejense.
Cheio de amargura, continuei até à Murtosa, neste concelho tive a satisfação de constatar que há manutenção a sério nos espaços que ladeiam a Ria e nos percursos utilizados. Na Murtosa e sobre este assunto, há apenas um senão. Com efeito, foram construídas numerosas casinhas de apoio aos pescadores, até com casas de banho para o público, como é o caso no Cais da Cova do Chegado e no Cais do Bico. Todas estas construções foram feitas sem consultar, sem implicar aqueles que seriam naturalmente os utilizadores: os pescadores. Esta história dos técnicos e edis saberem de antemão o que a população quer, o que necessita, sem a consultar, nomeadamente quando são públicos alvos, é uma deformação política que continua enraizada nestes edis e técnicos. E acontece o que acontece: os pescadores não utilizam estas infra-estruturas. Poucas são utilizadas no cais do Bico e nenhuma no Cais do Chegado. Aqui, estas casinhas e casas de banho nunca foram abertas! Isto, em países do Norte, em países desenvolvidos, teria custado o mandato dos responsáveis, mas como estamos em Portugal, um país do Sul e não muito longe do terceiro-mundo, nada se passa deixando que estas situações se repitam sem que hajam culpados a serem severamente punidos.
Relativamente ao BioRia, lembro-me de um Presidente de Junta (de Canelas e Fermelâ) ter pedido que se criasse um posto de trabalho a tempo inteiro, com máquinas adequadas, para fazer, ao quotidiano, a manutenção deste espaço. Nem os amigos dele que estão na Câmara satisfizerem esta pertinente e inteligente proposta. Na realidade, tirando duas ou três actividades de grande visibilidade, nacional e internacional, que se desenrolam no BioRia, tudo o resto é deserto para estes autarcas ainda agarrados à mobilidade motorizada.
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