Numa semana “desportiva”, não podia faltar a minha querida amiga que adora que eu a monte num prazer que nunca chega a ser orgástico. Sempre prestável, hoje resolveu pregar-me uma partida e, pela primeira vez da nossa história de amor, fui obrigado a mudar de câmara de ar. Com uma bomba ultrapassada e uma compressão de ar mal utilizada, fui salvo por uma garagem, esta bem equipada. Mas antes disso, houve história…
Por António Garcia *
Continuo a pesquisar estas terras altas onde Viriato é homenageado ao quotidiano. Para fugir às numerosas rotundas e avenidas sem ciclovia, apodero-me da nova por onde o Vouguinha circulava e que os concelhos de Viseu, S. Pedro do Sul, Vouzela, Oliveira de Frades, Sever do Vouga e Albergaria-à-Velha estão a transformar em ecovia (pelo piso diria ciclovia).
Parece que a inauguração é lá para Junho/Julho. Entretanto, o seu percurso está quase finalizado e podemos utilizá-la facilmente. Assim o tenho feito. Ao longo deste ciclovia, cruzam-se trilhos pedestres e mesmo de BTT.
Hoje encontrei um perto de Campo e, claro, a minha curiosidade levou-me longe, muito longe, por trilhos, mas sobretudo estradões no meio dos pinhais e carvalhos. Interessante o trajecto que me levou até à prisão, nas costas da qual a câmara foi substituída. Devia ter seguido até à Sta. Luzia, mas este percalço fez-me retomar a ciclovia de regresso. O percurso de nível “vermelho”, fez-me suar e, por vezes, parar e conversar com a byke enquanto subíamos… lado a lado! A refazer… prometido, jurado.
Regresso a espaços onde, outrora, o luar foi o nosso guia. Mas desta vez foi uma excelente sinalética e olhares atentos que nos levaram a percorrer o trilho na sua íntegra. Um trilho excepcionalmente belo, com envolventes húmidas oferecendo-nos cascatas e açudes em caminhos que eram de moinhos. E sempre, sempre de pé-posto. Tecnicamente desafiante, os quase 14km ofereceram-nos desníveis acentuados ao longo dos rios, ribeiras e levadas que ladeiam este percurso. Divinamente fantástico, unicamente excepcional de beleza autóctone ímpar. Sem dúvida dos mais belos senão o mais de todos, dos percursos que a minha precoce juventude percorreu: PR1 dos Rios e Levadas, com início e fim em Santa Cruz, Oliveira de Frades.
Uma presença quasi constante de águas límpidas, rochedos embelezando os leitos onde ainda se deslumbram sedimentos de um calcário milenar que se vai esgotando; moinhos envoltos por camadas de musgo, abandonados tristemente, mas que testemunham a azáfama do antão. Desníveis acentuados, que nos oferecem quedas de água de certa amplitude, no fim das quais se adivinham poços para banhos deliciosos… se no Verão houvesse água (o que duvido). Mas os espaços onde podemos meditar, esvaziar o nosso espírito de coisas comezinhas, transcendermo-nos de energias positivas e divinas, não faltam ao longo do percurso.
Mais de 95% do percurso oferece-nos este encanto fluvial, outro tanto em forma de trilho de pé-posto e algumas passagens onde é necessário mostrar uma certa habilidade e elasticidade. Um trilho que se cruza com outros dois (Trilho do Vouga e Trilho da Gaia), dando possibilidades aos corajosos de irem além-fronteiras.
Parabéns a quem cuida destes espaços, mantendo tudo o que oferecem de selvagem. Bem hajam, a natureza agradece e rende… e nós também.
* https://www.facebook.com/antoniotony.garcia.9
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