O processo da mobilidade dispensou-me de cidadania neste dia presidencial e resolvi alargar por mais um o “Dia da Liberdade” que neste pretérito sábado tinha sido comemorado (mais lembrado que comemorado).
Por António Garcia *
A BTT estava a precisar e eu estava em transe por escapar a um confinamento que deixa marcas.
E, assim, encontrei-me sozinho num percurso que se aproximou dos 40km e que me levou a percorrer as marinhas, o pinhal de Ílhavo e as ciclovias que ligam à Vagueira e desta à Costa Nova, raspando por uma Barra completamente interdita. E depois da ponte, tomei posse da continuidade da Grande Rota que a Comunidade Intermunicipal Região de Aveiro (CIRA) recentemente inaugurou.
Sempre ao longo da Ria, neste território, ao longo dos terminais do Porto de Aveiro, depressa reencontrei o caminho por onde iniciei esta fuga sem destino.
Um tempo de chuva, carregado de nuvens baixas que davam a esta paisagem lagunar, tão conhecida e mostrada aqui, ares de outro mundo. E só as águas apaziguadoras me tranquilizaram o espírito. Nem a Bruxa, ao longe, se conseguia descortinar…
Uma vez mais me confrontei com esta paisagem única e que me surpreende constantemente. E mesmo com um tempo excrementável, consegui encontrar retalhos que me enchiam o espírito de inspirações emotivas, sustentadas por belezas que só o meu olhar enxergava.
Mas como eu disse em qualquer lugar: não há tempo que o tempo não seja tempo.
Finalmente, uma enorme e agradável surpresa deparou-se-me ao chegar à Gafanha da Nazaré, sempre pela ciclovia adjacente aos cais dos bacalhoeiros: os pilares de uma ponte transformados em obra de arte, homenagem recente prestada às mulheres e aos homens ligados à faina do bacalhau. Parei, admirei e deixo aqui este surpreendente testemunho de arte urbana.
* Trabalhou como director – responsável de sector social & cultural. https://www.facebook.com/antoniotony.garcia.9