Há dias assim (14)

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Baixo Vouga Lagunar (foto de António Garcia).

Nos passadiços de Esgueira, em dia de frequentação que colocaria a romaria do S. Paio da Torreira pávida de inveja, optei por caminhos antigos para me ligarem a Sarrazola por Vilarinho.

Por António Garcia *

Enquanto uns enchiam as praias e outros passadiços, os outros, neste caso de figura, eu, fugi para o campo, ao encontro de sons que a natureza nos oferta e que a biodiversidade do Baixo Vouga Lagunar presenteia.

Na companhia da minha habitual companheira que começava a impacientar-se, percorri caminhos de terra, alguns por secar, outros por limpar, mas todos prontos a acolherem-me. Pudera, sou um dos fiéis utentes frequentadores destas paragens, sempre iguais e em cada dia diferentes.

Nos passadiços de Esgueira, em dia de frequentação que colocaria a romaria do S. Paio da Torreira pávida de inveja, optei por caminhos antigos para me ligarem a Sarrazola por Vilarinho.

Depois foi entrar em pleno Bocage Lagunar, por caminhos que ofereceram à minha companheira lama pegajente e que ela adorou (cada qual com os seus gostos).

O BioRia iluminou-se num festival de … espantalhos! Nota-se que algumas vestes foram herdadas do carnaval e outras animações burlescas bem conhecidas neste concelho (Estarreja).

Plantados no meio dos campos de arroz, já quase pronto para ser colhido, servem de guardas imóveis contra aves que não se privam do festim que estes arrozais lhe oferecem, malgrado todos os esforços dos proprietários para salvarem estas culturas.

Baixo Vouga Lagunar (foto de António Garcia).

No meio dos arrozais deste BioRia único, em pleno coração do Baixo Vouga Lagunar, estas presenças, espantam-nos de admiração pelo pormenor e bom gosto dos seus apetrechos.
Parabéns aos iniciadores destas belezas anacrónicas!

A passagem até ao BioRia, por alguns caminhos transformados em trilhos, iluminados pelo brilho dos espelhos dos esteiros, foi rápida e alegre. Maravilhoso poder sentir estas sensações, esta comunhão com a natureza, nestas terras baixas e bem versáteis.

Baixo Vouga Lagunar (foto de António Garcia).

A falta de manutenção é evidente numa parte dos caminhos sob a alçada da Câmara de Estarreja e dos serviços que gerem o espaço BioRia. Há mesmo um caminho ao longo do rio Antuã que foi completamente abandonado !

Fiquei perplexo, mas pouco admirado de encontrar o Centro de Interpretação do BioRia fechado (aberto das terças aos sábados – como se ao domingo, dia em que mais gente percorre este espaço, não fosse necessário a presença deste pessoal).

Mas nem uma coisa nem outra me tiraram o prazer de privar com este espaço, com as cegonhas, garças, águias e outras aves que encontram aqui um habitat único na região. Até mesmo com os espantalhos…

Os últimos quilómetros foram mais difíceis por um cansaço acumulado durante 59 km em caminhos de terra batida. Uma vez mais, felizes, eu e a minha companheira que mereceu bem que lhe lavassem as costas, num duche de espuma refrescante.

* Trabalhou como director – responsavel de sector social & cultural.

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