Grande Regata de Moliceiros ‘ 24: Marco Silva aproveitou melhor o vento para chegar em primeiro

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Moliceiro 'Marco Silva'.
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O barco moliceiro ‘Marco Silva’ do arrais homónimo venceu, destacadamente, a ‘Grande Regata dos Moliceiros da Região de Aveiro’, que se cumpriu este ano numa tarde muito ventosa em cerca de uma hora, desde a partida, na praia do Monte Branco, Torreira, concelho da Murtosa, até à meta no cais do Sal, em Aveiro.

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Os barcos ‘José Miranda’, do arrais homónimo, e o ‘Conquistador’, com António Padinha ‘ao leme’, ficaram, respetivamente, em segundo e terceiro lugar, numa ponta final animada. Seguiram-se as restantes 15 embarcações participantes, que ajudaram a dar um espetáculo raro que se repete mais duas vezes este verão, com as regatadas do Dia do Emigrante e do São Paio, ambas na Murtosa, o ‘coração da Ria’.

Atracar ao Cais do Sal não foi tarefa fácil. Feita a amarração, Marco Silva, que leva já vários primeiros lugares na principal regata anual, admitiu que o vento contribui para ‘dar espetáculo’, mas também “tem os seus contra, porque quando é demasiado também atrapalha” a navegação a ‘todo pano’. O arrais vencedor dá-se bem com ‘nortadas’ e afins eventualmente mais exigentes para quem manobra a embarcação: “Para mim esteve um dia bom”.

Alcançada a frente do pelotão, não mais perdeu a vantagem. “Vim sempre em segundo, conseguimos ultrapassar ao passar o antigo ‘Francês’, depois foi só segurar o andamento”, relatou o também construtor de embarcações tradicionais e dono de uma campanha de arte xávega na Torreira que vai fazer 49 anos.

Marco Silva somou a segunda vitória na temporada, depois de ter sido o primeiro a ‘cortar a meta’ da regata que integra o programa de animação do ‘Mercado Tradicional’ da Murtosa, no Cais do Bico.

Tripulação do barco moliceiro ‘Marco Silva’. Marco Silva é o segundo da direita.

Na Murtosa, terra da maioria dos moliceiros da Ria de Aveiro, se excetuarmos os barcos que fazem passeios nos canais citadinos de Aveiro, têm-se vindo a assistir, nos últimos anos a sucessivos ‘bota abaixo’ afastando o espectro da extinção desta embarcação tradicional. “É um bom sinal, as regatas, com os seus prémios e ajudas, são um bom incentivo. Mas as despesas são grandes. Fazemos isto, sobretudo, por amor ao barco e à ria”, afirmou.

Regata de Moliceiros da Região de Aveiro ‘ 24.

“Fantástico”. O presidente da Câmara da Murtosa, que lidera também a Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro, resumiu numa palavra a imagem da chegada do ‘pelotão’ da regata, quase a par, apesar de mais atrasados do que os primeiros.

“A regata correu otimamente. Sem ocorrências negativas. Celebramos a Ria, o nosso barco, a nossa gente, estão todos de parabéns”, afirmou Joaquim Batista, elogiando o desempenho dos arrais, ainda que “às vezes arrisquem um bocadinho” nestas disputas entre pares, a querer ganhar posições, “abusando de ventos que não são constantes” e podem fazer voltar os barcos, que não é habitual ainda assim.

“As pessoas que olham para um barco sem quilha, de fundo chato, completamente inclinado, às vezes literalmente a 90 graus, com pano de vela de 70, 80 metros quadrados, ficam a pensar como é possível. Deve-se ao talento e engenho desta gente a manobrar uma embarcação”, elogiou o autarca.

Há cerca de 15 anos que já não se viam tantos moliceiros na regata. Atualmente, existirão em toda a Ria de Aveiro 22 barcos em condições de navegar à vela, muitos deles de construção recente, propriedade de famílias que foram passando ‘o testemunho’ de geração em geração, ajudando a manter a identidade, a tradição e os saberes. “Possuir estes barcos em condições de navegar na nossa ria ‘aberta’ custa muito dinheiro, mesmo com ajudas para manutenção e pinturas, é um ato mais emocional do que racional”, refere Joaquim Batista.

Chegada de moliceiros da Grande Regata Região de Aveiro ‘ 24, Aveiro.

‘Pressão alta’ para validar candidatura junto da UNESCO

A CIRA tem em curso a candidatura ‘Barco Moliceiro: Arte da Carpintaria Naval da Região de Aveiro’ para integrar as ‘Listas de Património Cultural Imaterial da Humanidade que Necessita de Salvaguarda Urgente’ elaboradas pela UNESCO. “A nossa equipa está a trabalhar no dossiê, vamos manter uma ‘pressão alta’, esperamos que os técnicos nos comecem a visitar no início do próximo ano. A decisão final terá de ser tomada até setembro de 2025. Naturalmente, ambicionamos que seja positiva”, concluiu o autarca.

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Chegada da regata ao Cais do Sal, Aveiro

Partida da regata, praia do Monte Branco, Torreira.

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