O coordenador da União de Sindicatos de Aveiro (USA) iniciou o tradicional discurso da festa do 1º de Maio, na cidade de Aveiro, esta tarde, como uma “saudação muito fraterna” à operária corticeira Cristina Tavares que “com grande firmeza e determinação continua a lutar pelo seu posto de trabalho e contra o assédio e a repressão laboral” na empresa Fernando Couto (Feira), contestando pela via judicial o duplo despedimento.
Nas primeiras palavras após a manifestação com algumas centenas de pessoas que desceu a Avenida Lourenço Peixinho, foi lembrada, também, a greve nesta quarta-feira “dos trabalhadores do comércio” em cadeias de hipermercados também no concelho feirense “pelo fecho aos domingos e feriados”.
“A vida prova que não há alternativa à luta quando é preciso avançar pelos direitos e valorizar os trabalhadores, quando é preciso defender, repor e conquistar direitos. A luta é decisiva para aumentar salários, pensões de reforma e rendimentos, indispensáveis ao crescimento que, como vimos nos últimos anos teve na procura interna, devido ao ligeira aumento do rendimento das famílias, um elemento determinante, importante, também para criar emprego, reduzir o desemprego, reforçar a sustentabilidade da Segurança Social e coesão social do País”, afirmou Adelino Nunes.
Aveiro acolheu um dos 40 palcos montados pela CGTP Intersindical no país para as comemorações Dia Internacional dos Trabalhadores que é assinalado em Portugal há exatamente 45 anos. À chegada ao jardim do Rossio ouviram-se palavras de ordem como “Maio está na rua, a luta contínua” e “É justo e necessário o aumento do salário”.
Apesar de admitir “avanços registados com a luta dos trabalhadores”, que foi considerada decisiva para travar “a ofensiva” do anterior Governo da direita contra os direitos laborais com “políticas de empobrecimento e destruição do país”, o coordenador da USA referiu que a a situação nacional da atualidade “continua marcada por graves profundas injustiças, desigualdades e carências várias”, criticando a ação governativa.
“Por opção própria, o Governo do PS despreza a correlação de forças existente na Assembleia da República que “permitiria responder às reivindicações justas dos trabalhadores e aos problemas estruturais do país”, disse Adelino Nunes, acusando mesmo o PS de “em convergência” com a direita “de não dar outro rumo e proceder às correções que o país carece”. O Governo de António Costa “para o trabalho e outras áreas estratégicas e estruturantes, recusa um outro caminho na senda do progresso, do desenvolvimento e da justiça social”.
Os salários, as pensões e outros apoios sociais, referiu o coordenador da USA, “continuam muito baixos” e deveria ser atualizado “no curto prazo” para no mínimo 850 euros .
O emprego criado “em termos gerais é de má qualidade, com vínculos precários, mal remunerado e sem direitos”, com horários de trabalho “alargados e desregulados”, como a laboração contínua, deixando a vida pessoal “um autêntico caos”, denunciou Adelino Nunes.
A revisão do Código de Trabalho proposta pelo PS que mereceu apoio na generalidade na Assembleia da República da direita e do PAN é mesmo vista como “uma provocação aos trabalhadores e deve merecer uma resposta coletiva” dos mesmos, “quando se exigia uma correção das malfeitorias”. O dirigente da USA anunciou, por isso, “à intensificação da luta” nos tempos mais próximos.