O Porto de Aveiro deverá afirmar-se como “porto industrial”, à semelhança de Setúbal. Orientação estratégica assumida, esta quarta-feira, pela ministra do Mar, durante as comemorações do Dia do Porto de Aveiro, na Gafanha da Nazaré.
Na perspetiva de Ana Paula Vitorino, os investimentos em curso, públicos e privados, como a infraestruturação de uma Zona de Atividades Logísticas e Industriais (ZALI), orçada em 26,2 milhões de euros, ou as melhorias das acessibilidades, permitirão “aumentar a capacidade de receção de navios e, acima de tudo, confirmar o porto como porto industrial, é importantíssimo que assim seja, nem todos podem portos industriais”.
“Aveiro e Setúbal são portos industriais, fundamentais para o desenvolvimento de clusters ligados ao mar, aos setores portuário e da construção naval. Mas queremos ir mais longe, para consolidar a ligação entre as empresas e a atividades dos operadores portuários”, vincou a governante na sua intervenção.
Ana Paula Vitorino referiu também a importância em Aveiro do setor da pesca, que considerou “fundamental”, apelando a quem seja “desenvolvido para integrar o tecido industrial”.
A ação portuária deve passar “não só melhorar as acessibilidades, aumentar a capacidade”, mas também “atrair e consolidar novas indústrias e serviços”.
A ministra do Mar espera que a administração portuária possa aderir à Janela Única Logística, um projeto já em desenvolvimento local com investimento de 5,1 milhões de euros, e dê passos, igualmente, para promover a instalação de ‘aceleradores” da atividade económica ligada aos portos, nomeadamente centros de inovação.
No início da intervenção, após a homenagem de 57 funcionários do Porto de Aveiro com mais de 25 anos de vínculo, Ana Paula Vitorino destacou a movimentação recorde de carga alcançada no final de 2018, com 5,6 milhões de toneladas, mais 474 mil toneladas (9,2%) do que em 2017. “Há aqui um prémio a atribuir ao Porto de Aveiro, que durante 2018 teve comportamento notável e acima da média nacional. Os outros portos tiveram também comportamento de destaque, Sines acima de qualquer referência na carga contentorizada”, exemplificou.
Discurso direto
“Quem diria a 3 de abril de 1808 onde iríamos chegar. Foi um desafio tremendo abrir a barra ao mar, estava estagnado. Essa luta contra a natureza permitiu a abertura de uma janela de oportunidade, que hoje continuemos esse desafio. Não vamos a parar, sabemos o que queremos e temos uma estratégia bem definida para o aumento da competitividade. A todos, especialmente aos trabalhadores homenageados, o meu muito obrigado” – Olinto Ravara, presidente do Porto de Aveiro.
“A dimensão humana do Porto de Aveiro também se consubstancia na paz social que existe em Aveiro e não existe em todos os portos. Estende-se à colaboração com instituições de carácter social. Importa dar realce a importância do Porto de Aveiro, serve empresas com forte intensidade exportadora, de empresas industriais que servem desta infraestrutura para chegar à Europa ou ao mundo em geral. Que têm proporcionado o crescimento de volume de carga entre 2014 e 2017 cresceu 4.6% e em 2018 o movimento cresceu 9,2%. Mantém a tendência que se acelera inclusivamente – Nuno Pires, presidente da Comunidade Portuária de Aveiro.
“O Governo tem de fazer o esforço no sentido de perceber que a ferrovia Aveiro, Viseu, Vilar Formoso seja feita. É crucial para o desenvolvimento, não só do Centro mas até do Norte do País, que por aqui transporte os seus produtos para a Europa. Olhar para o que é viável e mais lucrativo, contribuir para o futuro, que possa fazer a economia”- Fernando Caçoilo, presidente da Câmara de Ílhavo.
“Esperamos que o processo de descentralização, que tem diplomas relativas às áreas portuárias, seka inspirador para que a Ria de Aveiro seja entregue à Região de Aveiro. Entregaram-nos o porto, não deixa de ser nacional por ser da região, É o mesmo que queremos para a Ria de Aveiro, que continua a não ser gerida por nós, para mal dela” – Ribau Esteves, presidente da CIM Região de Aveiro.