Depois de várias fiscalizações devido a clubes por suspeitas de utilização de jogadores ilegais, a Associação de Futebol de Aveiro (AFA) ‘apertou’ as regras e troca informação com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) para evitar o fenómeno que não raro tem consequências humanas sociais graves.
Uma ‘rusga’ em maio de 2019 detetou a treinar no Alvarenga, clube de futebol no concelho de Arouca, nove estrangeiros, a maioria brasileiros.
Apenas um estava legal. Os restantes entraram no país como “turistas” e disseram aos inspectores que esperavam pela regularização da permanência em Portugal.
É um dos muitos casos em investigação no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) por indícios de auxílio à imigração ilegal e falsificação de documentos envolvendo clubes de futebol de escalões inferiores.
Um ponto de situação publicado pelo Jornal de Notícias avança que estão em curso 40 investigações no futebol que somam 36 arguidos entre dirigentes, empresários e atletas por pretensa falsificação de documentos para contratos fictícios. A grande maioria dos casos ocorre no Campeonato de Portugal e nos distritais.
O então presidente da sociedade anónima desportiva que tinha a seu cargo o futebol sénior do Alvarenga, Marcos Rodrigues, um dos três arguidos neste processo, continua a aguardar em silêncio o desenrolar do inquérito.
O ‘clube empresa’ defendeu-se alegando que conseguia mais rapidamente autorização desportiva para os jogadores competirem do que tratar da legalização. A prova que havia alguma documentação nesse sentido é que nenhum jogador obrigado a abandonar o país. Os responsáveis afastaram sempre casos a existência de situações normalmente identificadas como tráfico de pessoas.
O histórico do Alvarenga como uma espécie de enterposto chamou a atenção do SEF ao encontrar o ‘rasto’ de quatro dezenas de jogadores em várias alturas, que chegavam como o visto de turistas (na maioria brasileiros mas não só), mas já com intenção expressa e prévia de desenvolver a atividade de futebolista em território nacional.
“Isto está muito mais apertado” – Presidente da AFA
Cerca de uma dezena de fiscalizações do SEF tiveram como ‘alvo’ coletividades desportivas da região.
As sucessivas fiscalizações nos anos mais recentes resultaram em regras mais apertadas na inscrição de jogadores.
Os casos ilegais “dificilmente se repetem” nos dias de hoje, garantiu o presidente da Associação de Futebol de Aveiro (AFA), uma das maiores do País, onde era comum clubes de aldeia terem a competir cidadãos estrangeiros ilegais. “Em termos documentais, desde há duas épocas que existem mais requisitos para estrangeiros. Isto está muito mais apertado”, assegurou o dirigente referindo-se a orientações dadas pela própria Federação. Existe também “troca de informações” com o SEF.
Para Arménio Pinho, “é preciso continuar atento”, também, a quem coloca jogadores estrangeiros muitas vezes “a troco de falsas promessas e depois os abandonam entregues a si próprios, a viver de caridade”.
“O mal está origem, na chegada dos jogadores, que são trazidos por falsos empresários, abutres, são colocados a treinar e ficam sozinhos”, referiu o presidente da AFA.
Muitos clubes, também da região de Aveiro, caíram na tentação de receber estrangeiros por terem poucos ou mesmo nenhuns custos associados, uma vez que os jogadores são trazidos por intermediários a coberto de outros negócios.
Mais de uma centena de fiscalizações no País desde 2019
Entre 2019 e 2020, o SEF desenvolveu 107 ações de fiscalização em associações desportivas ou clubes de futebol, tendo detetado 110 cidadãos estrangeiros em situação irregular – Consultar mais informações do SEF.
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