A educação tem de ser transformada com os seus atores principais, educadores e professores, que, no terreno das práticas educativas concretas, contribuem para a transformação dos sujeitos e dos contextos pelos projetos que desenvolvem.
Por Ana Isabel Andrade *
A educação para a sustentabilidade (muitas vezes educação para o desenvolviemnto sustentável) tem privilegiado a educação ambiental, acabando por não alcançar os objetivos pretendidos. Neste sentido, defendemos que importa formar educadores e professores para a sustentabilidade, assegurando uma educação inclusiva e de qualidade, criando “oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos” (Objetivo 4 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
Para melhor compreensão do que referimos, socorremo-nos da experiência do projeto TEDS – Teachers educating for sustainability – , uma parceria coordenada pela Universidade de Aveiro de 5 instituições em diferentes países (Finlândia, França, Lituânia, Malta e Portugal) e que se tem desenvolvido no pressuposto de que a educação para a sustentabilidade tem de ganhar formas mais holísticas, mais abrangentes, relacionando as questões de educação ambiental, de atenção aos recursos naturais, com questões de promoção da equidade e solidariedade entre sujeitos e comunidades, prestando atenção à diversidade linguística e cultural, à inclusão e à preparação para o diálogo global, passando por aspetos de economia circular e de uso responsável de tecnologias. O projeto tem-se desenvolvido com a ideia de que importa formar para a resolução de problemas que são do mundo natural, cultural e social, sem perder de vista o essencial, a construção do bem comum, o bem-estar de ambientes, pessoas e comunidades.
Os elementos da equipa TEDS decidiram formar para a educação para a sustentabilidade, adoptando abordagens plurais, multi, inter e transdisciplinares, centradas nos formandos e orientadas para a ação, para a problematização do que vivemos e identificação de soluções, possibilitando aprendizagens transformadoras, em projetos de colaboração que assentam em exercícios de construção de visões de futuro, partindo da convicção de que a educação tem de ser transformada com os seus atores principais, educadores e professores, que, no terreno das práticas educativas concretas, contribuem para a transformação dos sujeitos e dos contextos pelos projetos que desenvolvem.
A equipa do projeto pretende deixar recursos que podem ser acedidos através do site do projeto (http://teds.web.ua.pt/): a) um referencial de educação para a sustentabilidade, que sistematiza conhecimento e práticas sobre as diferentes competências de educação para a sustentabilidade definidas pela UNESCO; b) quatro módulos originais de formação para a sustentabilidade (Diversidade, Diálogo e Inclusão; Ambiente e recursos naturais; Economia circular, inovação e colaboração em Educação; Utilização responsável de Tecnologias) que podem ser incluídos em programas de formação inicial e contínua de educadores e professores, todos eles promovendo a conceção e o desenvolvimento de projetos a realizar com os alunos em contexto educativo; c) estudos de caso sobre e para a formação de educadores e professores, entendidos como recursos que sistematizam as aprendizagens dos formadores sobre como podemos formar melhor para a educação para a sustentabilidade; d) e um referencial de formação que deixará princípios a seguir nos programas de formação para uma educação para a sustentabilidade mais consequente.
Todos os recursos, ainda em fase de desenvolvimento, baseiam-se na certeza de que importa privilegiar uma formação para o bem comum; uma formação humanista, centrada no ensino da condic¸a~o humana e formac¸a~o de cidada~os comprometidos com uma cidadania de dimensa~o local e planeta´ria; uma formação holística e transformadora, procurando dar poder aos sujeitos para questionarem e mudarem a sua forma de ver, entender e agir sobre o mundo e sobre a Educação de modo que consigamos, em conjunto, construir um futuro mais sustentável.
* Investigadora do Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Artigo publicado originalmente no site UA.pt.
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