Formação contínua: um dever e um direito?

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Formação de professores (imagem genérica).
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Aos profissionais de educação são exigidos mais saberes, mais capacidade de saber-fazer e um saber-ser e estar, que se traduza em compromisso com o desenvolvimento de sujeitos e comunidades num saber aprender constante.

Ana Isabel Andrade *

A formação de profissionais de educação ao longo da vida tem sido uma das grandes preocupações das instituições educativas, dada a complexidade da tarefa que é educar em sociedades em constante e rápida mudança. Hoje, mais do que nunca, se exigem àqueles profissionais (educadores, professores, formadores) competências que requerem conhecimentos vários, capacidades de comunicação, de relacionamento e de autonomia na aprendizagem no exercício da profissão, assim como valores como o respeito e a compreensão do outro e da diversidade da vida até ao comprometimento com a construção de sociedades mais justas e sustentáveis para todos.

Aos profissionais de educação são exigidos mais saberes, mais capacidade de saber-fazer e um saber-ser e estar, que se traduza em compromisso com o desenvolvimento de sujeitos e comunidades num saber aprender constante. Trata-se de uma formação exigente, que requer tempo e disponibilidade para que tenha efeitos sobre as aprendizagens dos profissionais de educação, aprendizagens essas que permitirão transformar a escola pela criação de ambientes educativos de qualidade, mas diferentes daqueles que hoje conhecemos. Face à complexidade desta tarefa, perguntamos: que oportunidades têm os profissionais de educação para se formarem e aprenderem no exercício da sua profissão? Que percursos e condições lhes são oferecidos para que tal aconteça?

Apesar das ações de formação contínua que Centros de Formação e Instituições de Ensino Superior oferecem aos profissionais de educação, a disponibilidade de cada um para o dever que é a formação é cada vez mais escassa, dado o número de tarefas a realizar no quotidiano da atividade profissional e que vão desde as tarefas pedagógicas específicas de fazer aprender às tarefas administrativas de registo e organização de informação, passando pelo trabalho com colegas e encarregados de educação.

Ora, a formação a que cada um tem direito exige, para além de recursos qualificados (formadores empenhados e competentes, por exemplo), tempos e espaços de trabalho individual e coletivo que produza efeitos sobre a reconstrução do conhecimento profissional. Assim, os profissionais de educação devem ter direito a tempos de informação, pesquisa, ação e reflexão, em percursos de desenvolvimento pessoal e profissional em que se comprometam com a construção dos seus próprios saberes, capacitando-se para a transformação de espaços e tempos educativos.

Aos profissionais de educação são devidos mais tempos e mais prolongados para se formarem, para se atualizarem, para poderem fazer balanços dos seus percursos e para definirem novos caminhos para a sua atividade educativa. Neste sentido, é urgente que se criem esses espaços e tempos sob pena de vermos diminuir drasticamente a qualidade dos ambientes educativos. As gerações atuais têm o dever de aprender, mas têm igualmente direito a tempos e espaços de formação que sejam verdadeiras oportunidades de reconstrução de uma educação de qualidade.

* Centro de Investigação Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Artigo divulgado originalmente do site UA_online.

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