Florestas: O preço a pagar pelo completo abandono

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Floresta.

Se queremos evitar nos próximos anos outra tragédia, a sociedade tem que pagar diretamente a gestão dos combustíveis nestes territórios e formar e capacitar equipas que aproveitem as oportunidades geradas por essa gestão num incêndio.

Por Marco Ribeiro *

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O foco não pode ser sobre a espécie, criminosos, ignições noturnas, imprevisibilidade, faixas de gestão ou até meios aéreos.

O foco tem que ser na gestão e no aproveitamento das oportunidades que a mesma gera durante o incêndio!

Se percorrermos a área ardida em Vila Pouca de Aguiar, encontramos todas as evidências disto. Manchas sem intervenção ao longo dos anos de castanheiros, bétulas, medronheiros, pinheiros, resinosas diversas, em linhas de água, fora delas, viradas a norte ou a sul, no fundo da encosta ou em altitude, ficaram completamente dizimadas pelas chamas.

Manchas com as mesmas espécies, com as mesmas características mas que tiveram intervenção recentemente ou nos últimos anos tiveram afetações parciais ou ficaram praticamente intactas e criaram oportunidades para se extinguir o fogo.

Nada disto é novo, andamos há anos a repetir a mesma conversa. Tentamos por várias formas criar valor que possibilite pagar a gestão, ano após ano, incêndio após incêndio, perda após perda, mas ainda não chegamos lá.

Enquanto isso, não vejo outro caminho, se queremos evitar nos próximos anos outra tragédia, a sociedade tem que pagar diretamente a gestão dos combustíveis nestes territórios e formar e capacitar equipas que aproveitem as oportunidades geradas por essa gestão num incêndio!

O governo e a administração central deve encontrar os melhores e mais justos mecanismos para isso, agilizem todas as possibilidades de tornar isto viável e faça-se a comparação dos resultados a 10 anos.

Se não estiveram disponíveis para isso, toda a sociedade terá que aceitar estes acontecimentos como cada vez mais frequentes e como um preço a pagar pelo completo abandono destes territórios e das pessoas que ainda ali resistem!

* Engenheiro Florestal. https://www.facebook.com/marcoanri

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