Ruas, largos, praças, claustros de monumentos, jardins, cais, um lago e até salinas voltam a acolher os palcos de mais um Festival dos Canais, que regressa ao figurino original, depois das contingências pandémicas.
Para a oitava edição, que arranca hoje prolongando-se até domingo, estão agendados 52 espetáculos e 111 ações culturais, nos quais se incluem 12 estreias em Portugal, com artistas de nove nacionalidades.
Em relação a 2022, para além do jardim do Rossio, que já estava em obras de requalificação, este ano fica fora do mapa de eventos a escadaria e o terraço do edifício Fernando Távora / Atlas, na Praça da República, por razões de segurança que impedem montar palcos e vão motivar obras em breve.
À semelhança do que acontece com o dia-a-dia dos turistas, o presidente da Câmara não perspetiva inconvenientes de maior nos percursos entre os vários locais que recebem o Festival dos Canais devido aos trabalhos em curso no espaço público, nomeadamente na zona do canal central e jardim do Rossio.
“Só deslocalizamos os concertosdo Távora para a zona da Fábrica Ciência Viva. A cidade tem vivido bem nesta relação com obras no espaço público, que não afeta só o Festival dos Canais, pois tem havido tantos eventos”, minimizou Ribau Esteves, esta tarde, num encontro com a imprensa para assinalar o início daquele que é o principal cartaz cultural da cidade, com grande incidência nas “artes de rua”. “O palco é a cidade ela própria, nos seus quatro cantos, é a lógica do festival. Depois tem de haver pontos, este ano são 13 os pontos com palcos de cultura e eventos. Substituindo alguns ou somando um 14º, o Rossio será seguramente um dos palcos do próxima ano”, adiantou.
“Temos feito este equilíbrio o melhor possível. Tem corrido globalmente bem, mantendo cultura intensa na rua com as obras no espaço público. 2022 foi claramente o nosso melhor ano turístico. É minha convicção que 2023 voltará a ser o melhor ano. Estamos a trabalhar com o acrescento da Capital Portuguesa da Cultura (CPC) em 2024, penso que esse ano voltará a ser de recorde. Sabendo que todas estas obras vividas no centro da cidade, terminarão dentro do ano de 2023. Já não teremos em 2024”, afirmou o edil.
Sem deixar de cumprir as expetativas dos eventos mais marcantes na cidade, Ribau Esteves assumiu que o pensamento do município já está muito colocado no próximo ano. “Estamos a fazer a nossa programação cultural e de eventos com normalidade do calendário que fomos construindo nos últimos anos, mas também estamos a estagiar na programação de 2023 para aquilo que queremos de valorização, de acrescento, de up grade por assim dizer, para 2024”, explicou.
A programação base vai estar integrada no programa da CPC, garantidamente “com valorização da qualidade” e o consequente reforço do investimento financeiro. “A experimentação, o olhar de forma crítica no sentido do que vamos acrescentar, esse exercício está em cima da mesa de trabalho de todos nós para o que queremos e estamos a programar: ter um ano de 2024 que vai ter um valor adicional na programação base, com eventos extraordinários a enriquecer a programação, que irá começar nos últimos minutos de 2023”, adiantou.
“Crescimento da participação dos cidadãos, das associações e empresas do sector cultural”
O maior envolvimento dos agentes culturais da cidade merece nota positiva de Ribau Esteves, que vê tal como uma consequência do Plano Estratégico da Cultura e a candidatura a Capital Europeia da Cultura, constando “um crescimento da participação dos cidadãos, das associações e empresas do sector cultural na nossa programação”, seja no Festival dos Canais, seja em vários outros eventos. “Aveiro tem vindo a crescer a este nível. Uma das apostas que temos vindo a concretizar, num trabalho infinito, é colocar o tecido produtor de cultura de Aveiro nos eventos, seja de associações, seja de empresas. Tem sido um crescimento que tem acontecido objetivamente, temos múltiplos exemplos. Vai continuar a ser da nossa parte uma aposta crescente. Para crescermos, temos de ter o contributo dos agentes de todos os dias”, vincou.
José Pina, coordenador do Festival dos Canais, aponta exemplos: “estruturas” que garantem a animação do espaço público ou os contributos da Fanfarra dos Canais, a Orquestra das Beiras, a Banda da Quinta do Picado, bem como de elemento de novo circo / teatro de rua que integram a parada do grande espetáculo de rua, sábado à noite. “Gradualmente temos vindo a sentir essa inclusão, a reforçar a pretensão de reter e captar talento artístico e técnico”, disse, acreditando que Aveiro está “a criar condições para surgirem mais estruturas”, embora não seja fácil os artistas avançarem para esse segmento, “até porque tirando as autarquias, os apoios que possam existir a nível central não são fáceis de aceder.”
A presença estrangeira de projetos já conceituados nos circuitos internacionais continua “a ser muito marcante” e assim irá acontecer nos próximos anos, permitindo, também, a aprendizagem dos artistas e técnicos locais. “Os projetos que se vão estrear aqui, que são internacionais, fizeram questão disso. Tiveram uma experiência cá e gostaram muito do acolhimento, dos espaços, da relação com a água, dos nossos técnicos, que souberam corresponder às exigências dos projetos. Isso deixa-nos orgulhosos”, referiu José Pina, acreditando que “as grandes companhias e estruturas” vão sentir “confiança em Aveiro e em encontrar um bom público.”
Discurso direto
“Dificuldade em surpreender o público ? É um desafio dos eventos quando chegam rapidamente ao seu topo. Felizmente não é o nosso caso. A estratégia de Aveiro, é ir numa lógica de crescendo, não atingir rapidamente o topo. O Festival dos Canais não está esgotado na capacidade de apresentação, tem muito espaço para inovar, desenvolver. Não só em novas áreas, mas com conteúdos que possam ser criados de raiz. Houve sempre esse cuidado, de não levar logo ao máximo a possibilidade de apresentação, que nos poderia trazer esse problema. Havendo investimento, nos próximos anos vão sempre surpreender o público. A começar em 2024, que vai ter uma dimensão bem diferente, no que é o desenho da sua programação, porque é um momento especial” – José Pina.
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