O presidente da Câmara de Aveiro remeteu para o Ministério do Ambiente “a responsabilidade” pela limpeza de jacintos de água que estão a cobrir extensas áreas hídricas locais, acusando o Governo de não aplicar o dinheiro cobrado em impostos como nunca se cobrou.
O alerta para a necessidade de intervir foi deixado na reunião do executivo pública, esta quarta-feira, pela vereadora do PS Joana Valente, que pediu “pressão” junto do Governo.
A eleita socialista apontou os problemas causados pela planta aquática infestante, nomeadamente na pateira do Carregal.
Em resposta, o presidente da autarquia esclareceu que “a Câmara não tem nada a ver com isto”, tratando-se de uma competência do Ministério do Ambiente.
Ribau Esteves atribui a inação da tutela à falta de verbas, limitando-se a autorizar intervenções em casos de urgência, como aconteceu aquando da acumulação na ponte de Cacia ou para permitir o acesso da Navigator a água do Rio Vouga indispensável à sua laboração.
Ainda segundo o edil, existe “uma disputa” entre a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) sobre a entidade que em concreto deve assumir os trabalhos.
“Entendemos que quem tem de agir é o ICNF, mas não tem meios, seja recursos técnicos ou financeiros, empurra e não faz”, afirmou, lembrando que os jacintos de água são “um problema do país”, uma vez que existem várias outras zonas afectadas.
“O Governo anda a cobrar impostos como nunca e o Ministério do Ambiente não tem capacidade própria ou para contratar”, criticou Ribau Esteves, defendendo que a tutela deve intervir “logo no período do ano em que despontam” as plantas aquáticas.
O autarca não compreende que haja “dinheiro para tantas coisas” e se deixe sem financiamento também “hospitais ou estradas” com “o investimento público ao nível mais baixo dos últimos anos”, recusando aderir “à moda de fazer o que cabe ao Governo”.
A pretexto dos jacintos, a discussão acabaria por seguir para o momento pré-eleitoral que o país vive.
“Sei que a coisa está a correr mal ao PSD, até compreendo as alfinetadas”, comentou o vereador João Sousa em resposta às afirmações de Ribau Esteves a quem apontou dualidade de critérios na forma como “avalia” a cobrança de impostos pela Governo e a nível da gestão da Câmara.
“Efetivamente não houve aumento de impostos a nível nacional, houve crescimento económico, que proporcionou crescimento de impostos. Na Câmara, a manutenção das taxas de IMI proporcionou crescimento económico, além do desenvolvimento da cidade que levou ao aumento da receita. Compara as coisas, misturando-as, numa altura em que as coisas não correm bem ao PSD”, criticou o vereador socialista.
Discurso direto
“O senhor vereador está muito excitado, é mais um socialista de Aveiro que quer ir para o Governo, é vê-los ir embora, Governo, o ICNF, Administração Portuária. Vossa excelência é mais um candidato, respeito isso.
Eu limito-me à gestão da Câmara de Aveiro, as coisas ao PSD não estão a correr mal, estão a correr muito mal. Aqui não trato de legislativas, estou a falar do dinheiro que o Governo não usa para tratar dos jacintos.
Devia ter dito que estamos a bater recordes não de impostos, mas de coleta de impostos. Corrijo essa parte. Tem a ver com desenvolvimento económico e com o crescimento da cobrança de impostos indiretos.
No dia a seguir às legislativas cá estarei, seja o resultado qual for. Não vou para o Governo, seja lá quem for e convide quem convidar. Não estou disponível. Só estou disponível para o meu mandato, até ao fim, o meu compromisso, a Câmara de Aveiro precisa de mim. Podem convidar para um lugar qualquer, no Governo da nação, no mundo. Não. Quero fazer o mandato até ao fim, a trabalhar em cooperação institucional” – Ribau Esteves.