Expressar opiniões nas páginas oficiais de entidades públicas – o caso de Aradas

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Junta de Freguesia de Aradas, Aveiro.

“A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efetivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa”. (artigo 2º – Estado de direito democrático) da Constituição da República Portuguesa.

Por Francisco Labrincha *

Em Aradas qualquer semelhança com o artigo anterior é pura ficção e é legítimo perguntar a razão para tal. O direito à indignação e à liberdade de expressão só é consagrada a alguns, para um freguês que vive e cujos antepassados nasceram nesta ilustre terra a sua legitimidade é posta em causa por gente que nem o próprio partido dignifica nem tão pouco o legado dos seus ilustres antepassados.

Transpondo esta situação para o plano familiar, alguém gostaria de estar com o adesivo na boca na sua própria casa?
Penso que não. Aradas é a nossa casa…

A verdade é que alguns fregueses nos quais me incluo estão impedidos de expressar as suas opiniões nas páginas oficiais de entidades públicas (Junta de Freguesia) de maneira a fazer o contraditório.

Convém referir que as opiniões emitidas nunca ultrapassaram os limites da decência e educação, aliás algo cada vez mais raro em terras de S. Pedro.
Neste momento todos os comentários proferidos foram retirados e o acesso ao Facebook foi bloqueado, a mordaça pidesca está a fazer-se sentir em Aradas.

A censura existe e é comprovada no dia a dia dos fregueses.
Mais do que os feitos da engenharia, pintura, arquitetura e as promessas não cumpridas transformadas em ante-projetos e projetos para as calendas gregas há um valor mais alto que se levanta das trevas, a dignificação dos valores humanos e da liberdade.

Seria importante refletir que tipo de sociedade pretendemos para as novas gerações, assistir com indiferença a tais atropelos, ou agir e denunciar? Cabe à sociedade responder mas há uma certeza, não pretendo retroceder ao tempo do fascismo. Todos temos um dever comum, denunciar e dar voz aos que pretendem silenciar…

As cerca de dez publicações emitidas no sítio oficial, jornais e rádios visavam abafar as opiniões e perguntas comprometedoras, aliás cobardemente não respondidas. Tal tipo de atitudes só prova que os argumentos têm fundamento e o resultado final compromete a Junta, inequivocamente.

Por detrás da candura esconde-se um lobo com vestes de cordeiro, alguém que por inerência da própria profissão deveria respeitar e fazer respeitar a Constituição da República.

A instituição Junta de Freguesia não é uma coutada de pessoas que tomam posse de um bem comum, é a casa da nossa democracia, não podemos, não devemos consentir que caminhe para o caos.

O que sucede a poucos pode suceder a qualquer um, que nunca se pense que ao próprio não acontecerá.
Qual a melhor solução?
Aplicar a mordaça e seguir cantarolando, é o lema, convém não esquecer que a hipérbole de uma mentira levada à exaustão não a torna na verdade efetiva.
A denúncia seguirá para todos os organismos competentes com a anexação das respetivas provas.
Por uma Aradas livre!…

* Capitão da Marinha Mercante. Freguês de Aradas, concelho de Aveiro.

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