Evolução do produto e do rendimento do sector agrícola em 2024 – foi possível crescer

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Produção agrícola (imagem partilhada por UPTEC).

Contrariamente ao verificado, em média, na última década, foi possível fazer crescer, entre 2023 e 2024, o volume da produção agrícola mais do que o volume dos bens intermédios e de capital consumidos.

Por Francisco Avillez e Manuela Nina Jorge *

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Todos os anos a equipa da AGROGES analisa detalhadamente os resultados das Contas Económicas de Agricultura (CEA) sendo possível concluir, com base nos dados mais recentemente disponibilizados, que, em 2024, a quase totalidade dos indicadores económicos analisados apresentavam resultados mais favoráveis do que ano de 2023 e do que a média dos resultados atingidos na década anterior, em relação:

– Ao produto e ao rendimento do sector agrícola;
– À produção e à produtividade dos factores de produção agrícola;
– À produtividade, à competitividade e ao rendimento das explorações agrícolas;
– Ao sistema de apoios públicos aos produtores agrícolas.

A variação, entre 2023 e 2024, do produto agrícola bruto em volume[1] gerado pela agricultura portuguesa foi de +7,9%, várias vezes superior às correspondentes taxas de crescimento médio anual verificadas nos últimos cinco anos (-1,3%/ano) e na última década (-0,2%/ano).

O produto agrícola bruto em valor decresceu ligeiramente (-0.8%) entre 2023 e 2024, o que contrasta com os acréscimos mais que cinco vezes superiores aos observados para as correspondentes taxas de crescimento médio anual nos últimos cinco anos (+5,2%/ano) e na última década (+4,7%/ano).

O rendimento do sector agrícola[3] teve, entre 2023 e 2024, um crescimento (+15,9%), cerca de três vezes superior às correspondentes taxas de crescimento médio anual observadas nos últimos cinco anos (+5,1%/ano) e na última década (+4,2%/ano).

A diferença entre as variações nos últimos anos dos valores a preços constantes (em volume) e a preços correntes (em valor) do produto agrícola bruto são consequência da evolução negativa observada para a relação entre os preços dos produtos e dos factores de produção, a qual é, em grande parte, explicada pelo valor muito elevado que tal relação apresentou no ano de 2023.

O grande diferencial observado entre o rendimento e o produto agrícola em valor do sector agrícola português, entre 2023 e 2024, é explicado pelo enorme crescimento atingido pelos apoios directos ao rendimento dos produtores agrícolas, os quais são em parte consequência dos valores reduzidos dos apoios contabilizados no ano de 2023 e resultantes principalmente dos aumentos observados pelos pagamentos aos produtores, separados da produção, que na sua maioria dizem directamente respeito ao pagamento de serviços prestados à colectividade pelos produtores agrícolas e não a outros subsídios à produção como erradamente a designação adoptada pelas CEA dá a entender.

A principal conclusão que se pode retirar da análise dos dados é de que, contrariamente ao verificado, em média, na última década, foi possível fazer crescer, entre 2023 e 2024, o volume da produção agrícola mais do que o volume dos bens intermédios e de capital consumidos, em conjugação com uma menor redução do volume da mão-de-obra agrícola[8] utilizada. Desta evolução resultaram ganhos de produtividade, entre 2023 e 2024, superiores à média da última década, quer em relação ao factor trabalho, quer em relação, principalmente, aos factores de produção intermédios e de capital, cujo valor positivo (+1,9%) contrasta com o valor negativo observado na última década (-1,1%).

* AGROGES. Continuar para ler artigo completo no site Agroportal.

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