Tem 29 anos, venceu o Festival da Canção 2024 e rumou até Malmo, na Suécia, para representar Portugal no Festival Eurovisão 2024. Iolanda Costa é o seu nome! Participou em concursos televisivos como “Uma Canção para ti”, na TVI; “The Voice”, na RTP e no Festival da Canção de 2022 foi coautora e compositora do tema “Mar no Fim” interpretado por Blacci. Estudou Ciências da Comunicação, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em Lisboa. Mais tarde, mudou-se para Londres onde estudou composição de canções no Instituto Britânico e Irlandês de Música Moderna, em Sussex.
Por Nuno Alexandre *
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Após a sua atuação na primeira semifinal do Festival da Canção de 2024, foi logo reconhecida como sendo uma das favoritas para ganhar o Festival, garantindo, no dia 24 de Fevereiro, o seu lugar na final do Festival da Canção. Na madrugada de 10 de Março a sua canção “GRITO” ganha o Festival e Iolanda prepara-se para representar Portugal na Eurovisão.
A Eurovisão 2024 foi bastante criticada. O que marca pela negativa o Festival Eurovisão 2024 é a participação de Israel. Em 2022, o Conselho Consultivo da EBU decidiu expulsar, e bem, a Rússia do Festival devido à invasão da Ucrânia. Mas porque é que não fizeram o mesmo com Israel? Israel é neste momento um estado criminoso e genocida que continua a perpetrar crimes, a chacinar e a massacrar a Palestina e o seu povo. Ao contrário do que muitos desinformados ou ignorantes dizem, este conflito não começou no ano passado com os ataques do HAMAS. A Palestina e o seu povo sofrem há décadas por causa do apartheid israelita. Os ataques do HAMAS foram um pretexto para Israel continuar a fazer uma limpeza étnica na Palestina e para continuar a massacrar o seu povo. Viram o que aconteceu na Assembleia Geral das Nações Unidas na semana passada? O embaixador israelita à frente da Assembleia a triturar a carta da ONU. Isto é criminoso! Além disso, chegaram-nos notícias de perseguição e de assédio por parte da delegação israelita às outras delegações na Eurovisão, incluindo à delegação Portuguesa. Israel devia ter sido banido do Festival! Houve falta de coragem para o fazer ou então é hipocrisia. Sim, HIPOCRISIA. Porque quem condena a Rússia, e bem, pela invasão da Ucrânia, mas depois no que toca ao conflito no Médio Oriente se mete do lado de Israel, está a ser hipócrita!
A Iolanda teve longos dias de ensaio para a Eurovisão. Garantiu o lugar na final do Festival. Após a sua atuação na primeira semifinal, Iolanda somou elogios da imprensa internacional. A final da Eurovisão correu muito bem. Iolanda desfilou na passadeira turquesa com um vestido cujo a marca é palestiniana, e tinha as unhas pintadas com o padrão do Keffiyeh, que simboliza a resistência Palestiniana. Foi este o lindo tributo que Iolanda prestou à Palestina. A canção “Grito” foi a décima oitava a subir ao palco. Iolanda encantou e deixou-nos bastante orgulhosos. No final da atuação Iolanda agradeceu ao público e terminou dizendo “A PAZ PREVALECERÁ!”. A EBU censurou Iolanda. No dia da final, em vez de publicar o vídeo da sua atuação, publicaram o vídeo da atuação dela na primeira semifinal. Só depois da RTP ter pedido esclarecimentos à EBU por tal atitude, é que eles inseriram as imagens e o vídeo da atuação de Iolanda na final. Para além desta atitude mesquinha por parte do Conselho da Eurovisão, anda para aí malta a dirigir comentários bastante ofensivos à nossa representante. Comentários do género “Tu estás lá para cantar”, “Cala-te. Vai aprender mas é a cantar”, “Aquilo é um Festival de Música e não de Política”, “Que Vergonha. A defender terroristas.” etc. Primeiro estes comentários por norma são escritos por pessoas ignorantes que se escondem atrás de um ecrã, mas que na frente nem a boca abrem. Segundo, a Cultura e a Política não são separáveis uma da outra. Andam e devem andar sempre interligadas. Faz parte e é missão de um Artista criticar os males da humanidade, a guerra, a fome, a pobreza, etc. Faz parte da missão de um Artista despertar, consciencializar, revolucionar e libertar. Faz parte da missão de um Artista tomar posição sobre temas tão sensíveis e que nos devem tocar a todos. Terceiro, a Iolanda nunca fez referência a terroristas.
A Iolanda evocou a PAZ. Estar do lado da Palestina não significa estar do lado do HAMAS. São coisas completamente distintas. Mas posso garantir-vos que estar ao lado da
Palestina é estar do lado certo da História. Já estar ao lado de Israel é estar a apoiar crimes contra a humanidade e estar a apoiar um genocídio. Agora dirigindo-me à comunicação social. Alguma imprensa nacional e internacional, afirmaram em notícias recentes de que este Festival da Eurovisão foi o único onde a Política esteve presente. É falso! Primeiramente, e como já disse, a Política e a Cultura devem andar sempre ligadas. Segundo, já houve festivais onde artistas tomaram posições sobre vários assuntos e realidades e onde existiram protestos. Em 1964, a primeira vez em que Portugal subiu aos palcos da Eurovisão, o nosso representante era António Calvário. Nessa edição, há 60 anos, depois da atuação da concorrente da Suíça, Anita Traversii, houve um senhor que subiu ao palco com uma faixa que dizia “BOICOTE A FRANCO E SALAZAR”, protestando assim contra a participação de Espanha e Portugal na Eurovisão, por estes dois países serem dominados à época por regimes fascistas e também por causa dos horrores da Guerra Colonial causada pelo fascismo em África. Aquele senhor acabou por ser retirado à força do palco. Tentaram calá-lo, mas não conseguiram. Já toda a gente tinha visto o seu ato de coragem! Já toda a gente o tinha aplaudido! E orgulha-me imenso que passados 60 anos deste acontecimento, tenha sido a nossa representante na Eurovisão a tomar uma posição e a ser corajosa apesar de todas as proibições e censuras impostas aos artistas. A Iolanda teve a coragem de mostrar a sua solidariedade para com a Palestina e o seu povo evocando a PAZ. Nós enquanto país devemos estar super orgulhosos da Iolanda! Eu estou! Obrigado pelo teu GRITO de coragem Iolanda!
Para os ignorantes que te ofenderam Iolanda, aconselho-os a LER, A PESQUISAR, A VER NOTÍCIAS, A INFORMAREM-SE! Sim, informarem-se! Porque claramente a malta que dirigiu aqueles comentários ofensivos à Iolanda é malta desinformada e ignorante. Não tenho medo das palavras. Elas constam do dicionário e servem para ser usadas nas ocasiões! E viu-se que anda por aí muito ignorante! Basta ver que o televoto português na Eurovisão deu a pontuação máxima a Israel. Isto assusta-me! E leva-me a pensar o que é que as pessoas têm na cabeça. Portanto malta informem-se! E profissionais da comunicação social façam o vosso trabalho com seriedade e rigor. É porque cada vez que certos órgãos de Comunicação Social abordam o conflito do Médio Oriente e o genocídio que está a acontecer em Gaza, muitas das vezes abordam este tema como se este conflito tivesse começado com os ataques do HAMAS no ano passado, e isso é falso. Há muito tempo que Israel massacra a Palestina e o seu povo. Portanto, para as pessoas andarem bem informadas, exige-se que a Comunicação Social faça o seu trabalho de forma isenta, rigorosa e livre. Exige-se que informem devidamente as pessoas e que cumpram a vossa função, respeitando verdadeiramente o profissionalismo e a carreira jornalística!
A Eurovisão 2024 acabou com a vitória da Suíça! É a terceira vez que o país ganha a Eurovisão. O Nemo é a primeira pessoa não-binária a ganhar o Festival! Subiu ao palco com a canção “The Code”. Foi uma vitória merecida! Amei a mensagem que passou! O TOP 10 ninguém nos tira! A Iolanda colocou Portugal num bom lugar da tabela! Ficámos em décimo lugar! Que orgulho de ter sido a Iolanda a representar-nos!
Para o ano mais! Espero que entretanto Israel seja banido do Festival! Como disse Nemo, vencedor da Eurovisão 2024, na conferência de imprensa “Espero que a Eurovisão continue e consiga apoiar a paz e o amor no futuro. Acho que isso precisa de muito trabalho”. Já eu, continuarei a apoiar os movimentos que continuam a sair às ruas em todo o mundo em solidariedade com a Palestina. Queremos, como disse a nossa Iolanda, que a PAZ prevaleça!
* Estudante de História na FLUC, Aveiro.
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