Envelhecimento tornou-se uma questão social muito relevante

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Apoio a idosos.

A Universidade Sénior São João da Cruz (USSJC), em Aveiro, foi construída com base nos princípios da inovação e investigação das novas técnicas científicas da gerontologia social para responder de uma forma inovadora aos desafios do envelhecimento e aprendizagens ao longo da vida.

Com uma equipa liderada por académicos e investigadores científicos, é a resposta a educação ao longo da vida e aumento da qualidade de vida da sua comunidade (alunos, família, amigos, professores, colaboradores).

Um projeto de aprendizagem ao longo da vida; inovador com princípios intergeracionais, criado para responder aos novos modelos da gerontologia e envelhecimento ativo para o aumento da qualidade de vida.

Com um modelo inovador de ensino / aprendizagem, a USSJD é um laboratório de investigação e inovação para a gerontologia social e para a comunidade.

Como incorporamos essa investigação sobre o envelhecimento nas atividades da USSJC?

Seguimos o modelo epigenético do ciclo de vida e a perspetiva do desenvolvimento ao longo da vida. Segundo esta perspetiva, cada fase do nosso ciclo da nossa vida é assinalada por um balanço dinâmico que busca o equilíbrio interno e uma certa desarmonia.

De modo a superar cada crise, o idoso precisa experimentar a sintonia e a distonia. O êxito da sintonia dependerá do contexto e das relações sociais além da capacidade interna deste em vencer as próprias limitações. E nesse sentido, em que as nossas atividades pretendem dar uma resposta.

Os principais desafios que o idoso enfrenta são resolver conflitos do passado, investir nas relações sociais do presente e encarar a finitude da vida com serenidade. E estas são igualmente as preocupações que rodearam a elaboração de todo o nosso programa de disciplinas e de atividades.

Acreditamos ser necessária muita sabedoria para envelhecer. Assim, a aquisição da virtude sabedoria corresponde à capacidade do indivíduo para equilibrar um sentido de coerência e plenitude pessoal com o desespero perante a solidão e a proximidade da morte ou da perda, além da aceitação das falhas e omissões do passado.

Na velhice, com o aumento da força do elemento desespero e a contínua sensação de estagnação, ou seja, de ausência de propósito, a necessidade de vínculos sociais torna-se mais evidente. É necessário intervir nestas questões.

A nossa ação pretende ajudar o idoso a superar as crises do passado e a inserir-se num contexto psicossocial que o auxilie na superação das dificuldades dessa etapa da sua vida para que o desespero e solidão não tomem conta da sua existência.

Dessa forma, o projeto da USSJC procura pelas suas ações que o indivíduo tenda a encarar a finitude da vida com serenidade e sabedoria; experimentando um envolvimento vital e, possivelmente, adquirindo a virtude da transcendência. Ou seja, permitir-lhe desenvolver uma maior capacidade para transcender as limitações corporais, para experimentar uma nova compreensão do tempo, de si mesmo e das relações sociais, e uma maior sensação de conexão com as gerações anteriores e nova compreensão da vida.

Como encaramos a questão da solidão e do desespero no envelhecimento?

A vida, sob o olhar do desespero ou da solidão, é quase sempre vista como um conjunto de tarefas não terminadas, com falhas e limitações.

O indivíduo que embarca nesta visão da vida, começa a abrigar ressentimento acerca da brevidade da vida e do fato de ser-lhe impossível recomeçar tudo de novo. O sujeito, portanto,começa a sentir-se incapaz de integrar experiências positivas e negativas, erros e acertos, numa perspetiva mais ampla da vida. Muitas vezes, o idoso acaba por desenvolver psicopatologias como fuga ante o desgosto de viver

Tudo isto é reforçado, enquanto, a sociedade não consegue valorizar o idoso e proporcionar-lhe um ambiente saudável e motivador, portanto, ter um senso de completude e de totalidade na sua vida torna-se mais difícil.

Se a rede de apoio não consegue responder às necessidades impostas pelas mudanças na saúde física e mental da pessoa idosa. Observamos com demasiada frequência o recurso à institucionalização do idoso, o que reforço e implica um crescendo no índice de perdas, isolamento social, diminuição de contacto familiar e redução da autonomia

O envelhecimento tornou-se uma questão social muito relevante, havendo necessidade de novas oportunidades e sinergias, para dignificar a vida dos mais velhos, tornando-os ativos e integrados na sociedade. Essa valorização que pretendemos implementar é uma base importante da nossa função como universidade sénior. E nessa valorização que combatemos todos os fatores mencionados anteriormente.

Quais os princípios do projeto da USSJC para fazer face a exigências pessoais ou circunstanciais que ocorrem no envelhecimento?

Todas as atividades foram criadas e desenvolvidas para permitir ao indivíduo compreender as suas atitudes e valores, ou seja, as atividades da Universidade Sénior estão inseridas num processo que permita ao indivíduo compreender e lidar com as exigências que surgem na sua vida. As nossas atividades visam sempre atuar os recursos internos e externos de cada um.

Assim, todas as nossas atividades foram concebidas e programas tendo em conta: as atitudes e valores instrumentais que ajudem a criar estratégias que permitam atuar sobre as situações ameaçadoras, prejudiciais ou desafiantes; as atitudes e valores evolutivas que ajudem a compreender e a lidar com as suas emoções e adquirir um maior controlo emocional; e as atitudes e valores de fé que procuram ajudar o indivíduo a compreender aa sua relação com a transcendência, e a sua relação com os outros, na adaptação, ajustamento e gestão das crises ou dúvidas na sua vida.

Se quisermos simplificar, diria que criámos um programa que busca criar a resiliência no indivíduo, e a capacidade de adaptação, favorecendo aspetos subjetivos como: felicidade, esperança, satisfação, otimismo, contentamento e bem-estar.

Para além da investigação na área da terceira idade, a intergeracionalidade e a fé, ética e moral são temas centrais no nosso projeto. Porque optamos por esses elementos?

A nossa aposta na intergeracionalidade parte da certeza de que as interações sociais e trocas entre diferentes gerações, promove a saúde mental e o bem-estar, entre outros fatores. Para além da componente social que estas interações e trocas comportam, por isso, os nossos programas assentam na interação social para promover ganhos no bem-estar e qualidade de vida nas diversas gerações. Existem ganhos múltiplos comprovados para ambos tanto para as gerações mais novas como para os idosos.

Os nossos programas intergeracionais, incorporam atividades desenhadas para estimular a interação entre os grupos etários, com base no facto de estas relações potenciarem nos idosos, entusiasmo, afeto e espontaneidade, mas também, promovem ganhos no autoconceito, na autonomia, numa imagem social da velhice mais valorizada, agindo preventivamente no âmbito cognitivo e promovendo o bem-estar e contrariando o isolamento.

De facto, este envolvimento ativo com a vida, pelo relacionamento com outras gerações pelas atividades produtivas, traduz-se na criação de uma maior rede social ativa, é um dos indicadores mais referidos de longevidade dos indivíduos, promovendo a saúde, essencialmente através do apoio sócio-emocional. A criação de sentimentos positivos e o estímulo do autoconceito que os encontros intergeracionais permitem, benefícios para a saúde mental, desenvolvimento pessoal, satisfação, bem-estar e qualidade de vida.

Acreditamos ser urgente incluir medidas intergeracionais na sociedade — esta é uma das nossas funções principais como universidade Sénior.

A fé, ética e moral são pontos centrais na USSJC. Qual foi o fundamento desta nossa opção?

Em primeiro lugar, porque a Universidade Sénior São João da Cruz é de inspiração Carmelita. Em segundo, porque acreditamos na relevância da fé, ética e moral no processo de envelhecimento. No projeto da Universidade sénior São João da Cruz, reconhecemos estesfatores como uma dimensão fundamental da personalidade e da saúde. A valorização da dimensão de fé do indivíduo, torna assim o projeto mais humanista.

Na sua maioria, após os 65 anos, o indivíduo faz uma reflexão sobre a sua vida passada, a sua adaptação ao sucesso e às perdas, tudo aquilo que fez ou que deveria ter feito. Nesta fase, observamos a existência de forças no ser humano que surgem ou se acentuam, com o envelhecimento. Na meia-idade os indivíduos viram-se mais para o seu interior explorando aspetos mais espirituais, o que contribui para a expansão do seu self e para alcançar a autorrealização. Existe uma conexão entre fé e idade avançada no processo de adaptação às perdas e à adversidade, nomeadamente quando os indivíduos se encontram mais angustiados, doentes, com medo de morrer ou a fazer o luto de um familiar.

Assim, enquanto o desenvolvimento espiritual tende a ocorrer em indivíduos dispostos psicologicamente para pensar, e que investem no pensamento sobre as coisas e que tiveram experiências de adversidade, observa-se a relação entre o desenvolvimento espiritual, a sabedoria e os estágios pós-formais do desenvolvimento cognitivo.

O chegar a esta última fase do ciclo vital, o indivíduo reflete sobre algumas questões que surgem inevitavelmente: «Quem sou eu?», «Porque estou neste mundo?», «A minha vida tem sentido?», «Para aonde vou?», «Como tenho vivido todos esses anos?», «Como poderei viver os próximos anos?».

Face a estas dúvidas, muitos estudos apresentam uma relação positiva entre a fé e a qualidade de vida e uma melhor saúde física e mental. Esta relação traduz-se em maior longevidade, menor ansiedade, depressão e diminuição das taxas de suicídio. Hoje, sabemos identificar os mecanismos neurobiológicos envolvidos nas práticas espirituais, nomeadamente sobre as alterações na atividade simpática e parassimpática, no batimento cardíaco, na pressão sanguínea, no plasma sanguíneo e nos níveis de serotonina.

No campo da saúde mental, também têm sido apontadas muitas correlações com a fé, nomeadamente na redução do “stress” e na melhoria da sensação de controlo do indivíduo, aumentando o bem-estar e a qualidade de vida. De modo geral, a fé têm um impacto positivo numa autoestima elevada, uma maior perceção de competência e conexão com os outros, uma personalidade mais equilibrada. Existem ainda relações que evidenciam uma progressão mais lenta do declínio cognitivo, assim como, um melhor funcionamento cognitivo.

Como tentam incorporar essa investigação sobre o envelhecimento nas atividades da USSJC?

fé, a ética e a moral são poderosos mecanismos face à adversidade, contribuindo para a capacidade de adaptação a novas necessidades individuais promovendo assim a resiliência. O nosso modelo de assuntos a serem abordados na USSJC está estruturado de modo que seja possível lidar com as questões de fé. éticas e morais sempre que estas surjam, em benefício do indivíduo.

Morada: Largo Luís de Camões nº1 C/D, nas 5 Bicas.

Mais informações em https://usenior.iesjc.pt.

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