Receamos o aumento de docentes em risco de deterioração de saude fisica e mental.
Por Catarina Teixeira *
Temos desabafos de docentes que já estão completamente extenuados ao fim do primeiro dia. Muitos em burnout, já em crises intermitentes de choro.
As aulas à distância são extremamente cansativas – e estudos comprovam as razões disso.
Alguns agrupamentos optaram por uma carga horária de aulas síncronas intensa, mas a preparação de aulas em suporte digital, a montante, implica preparação cuidada, sob pena das aulas não serem eficazes.
São horas e horas de preparação de trabalho, para além do desgaste das aulas à distância que afeta TODOS.
A conciliação de teletrabalho com filhos pequenos e filhos em idade escolar: alguns professores vêem-se na contingência de dar aulas com filhos pequenos aos berros; de ter de apoiar os filhos nas suas aulas. Também temos relatos de professoras cujos conjuges estão isolados profilaticamente e elas têm de gerir filhos e aulas sozinhas.
Neste sentido, a impossibilidade de pedir assistência EXCECIONAL à família neste confinamento é um dos grandes problemas que detetamos, pois a gestão dos filhos e do teletrabalho nem sempre é possível sem graves consequências para ambas as dimensões.
Docentes queixam-se de ligações net sempre a falhar o que atrasa o ritmo de trabalho nas aulas. Alunos a aceder às sessões síncronas e sem o material necessário previamente disponibilizado nas plataformas de ensino à distância.
Em resumo, as famílias estão com dificuldades em organizar-se.
Lamentamos ainda a interpretação dúbia dos critérios estabelecidos pelo Ministério da Educação para que os alunos de Educação Especial estejam nas escolas, presencialmente.
Sabemos que houve direções de agrupamento a sugerirem este ensino presencial aos pais destes alunos, sem critério definido, não sendo estes alunos nem pouco funcionais, nem de risco. Ora, este procedimento acentua o risco de contágio para docentes e alunos, o que é condenável.
Receamos o aumento de docentes em risco de deterioração de saude fisica e mental, com baixas médicas prolongadas e abandono da carreira, pois são estes os testemunhos que nos têm chegado.
* Sindicato dos Professores da Zona Centro – delegação distrital de Aveiro.