Em Portugal, o ensino da primeira língua estrangeira dá-se no 3.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico (CEB), sendo que a introdução de uma segunda língua estrangeira acontece no 7.º ano (3.º CEB). Assim, apesar das recomendações para a introdução de línguas estrangeiras nos primeiros anos de escolaridade, com exceção de alguns projetos locais, a oferta de línguas estrangeiras, no ensino público em Portugal, consiste no ensino de inglês até ao 3.º ciclo do ensino básico, quando uma segunda língua estrangeira é introduzida.
Por Rita Costa *
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Imagine um cenário onde era possível alterar esta realidade e dar aos alunos a possibilidade de contactarem com quatro outras línguas estrangeiras, mandarim, francês, alemão e espanhol, para além da língua estrangeira obrigatória, o inglês.
Imagine que havia a possibilidade de alunos, com idades compreendidas entre os 9 e os 11 anos, poderem contactar com 4 línguas estrangeiras, observar, trabalhar e comparar diferentes línguas, numa abordagem didática plural, onde os repertórios linguísticos dos alunos eram convocados para a sala de aula e onde se refletia, não só nas línguas em presença, mas no mundo das línguas e das culturas e sobre o nosso papel enquanto falantes de línguas num mundo cada vez mais global.
É a partir deste cenário imaginário, que surge o projeto “Oficina das Línguas”. Por iniciativa do Centro de Línguas de Oliveira de Azeméis, foi desenvolvida uma pareceria com o Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro e o apoio da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis. O projeto foi desenhado no quadro da sensibilização à diversidade linguística e cultural, está em vigor desde 2018 e destina-se a alunos do 2.º CEB. O agrupamento de escolas oferece a possibilidade aos alunos de se envolverem em diferentes atividades extracurriculares, como complemento à sua oferta formativa, sendo uma delas a oficina das línguas. Neste projeto, os alunos têm contato com o francês, o espanhol, o alemão e o mandarim, como atividades extracurriculares, em módulos de 4 semanas por língua, alternadamente.
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O projeto, que teve o seu início em 2018, foi alvo de dois estudos de investigação. O estudo, realizado no presente ano letivo, foi apresentado em Copenhaga, no Congresso EDILIC- Education and Linguistic and Cultural Diversity e recebeu atenção por parte de investigadores de diferentes universidades da Europa e da América do Norte, que procuram implementar iniciativas semelhantes.
A “Oficina das Línguas” representa um exemplo da disponibilidade e motivação por parte das escolas, professores e demais intervenientes no processo educativo para trabalhar em projetos inovadores, no âmbito da didática do plurilinguismo e na necessidade constante do investimento em formação, que permita aos professores o seu desenvolvimento pessoal e profissional, através de práticas de reflexão e colaboração sobre o seu conhecimento e as suas práticas educativas.
O projeto constitui uma oportunidade de trabalhar a diversidade linguística e cultural nos primeiros anos de escolaridade, permitindo preparar os nossos alunos para um mundo cada vez mais diversificado, desenvolvendo as suas capacidades cognitivas e metalinguísticas, valorizando as identidades únicas de cada criança, combatendo o preconceito e a discriminação e preparando-as para a construção de sociedades mais justas e inclusivas.
* Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Artigo publicado originalmente no site UA.pt. O projeto “Oficina das Línguas” é uma iniciativa do Centro de Línguas de Oliveira de Azeméis em pareceria com a Universidade de Aveiro (UA), o Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro e o apoio da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis.
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