Engenharia Azul, instrumento de desenvolvimento do futuro

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Imagem da Revista Ingenium.

Os portugueses têm visto o mar como um espaço vital natural. Foi através do mar que a Portugalidade, como património humano, político e cultural, se expandiu, no início do seculo XVI, com o primeiro império marítimo global.

Por Jorge Liça *

A Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa tem uma dimensão de 1,7 milhões de km 2 (é hoje a quinta maior ZEE europeia e a 20.ª maior do Mundo) e pretende-se que o reconhecimento da expansão do seu território marítimo sob jurisdição portuguesa atinja cerca de 3,9 milhões de km 2. Existe a consciência do potencial económico dos oceanos que emerge agora com a designação de Economia Azul e o seu instrumento material de desenvolvimento – a Engenharia Azul.

A Engenharia Azul abrange diversas áreas de atuação e tem uma abordagem multidisciplinar que visa encontrar soluções inovadoras para os desafios e oportunidades que o mar apresenta. Uma das áreas de reconhecida importância da Engenharia Azul é a exploração de energia renovável dos oceanos como a energia eólica offshore, a energia das ondas e das marés, em linha com o crescente desafio da transição para fontes de energia limpa.

Existe um potencial de inovação enorme na indústria marítima para desenvolver navios mais eficientes e sustentáveis, mais aerodinâmicos, utilizando materiais avançados e implementando sistemas de propulsão menos poluentes. A própria indústria mineira tem, no fundo dos oceanos, recursos geológicos disponíveis que apresentam desafios novos para a sua extração.

O turismo costeiro (praias, cruzeiros, desportos náuticos e observação da vida marinha) carece de infraestruturas compatíveis para os turistas que procuram novas paisagens costeiras, clima favorável e biodiversidade marinha.

Os oceanos são uma fonte inesgotável de biodiversidade, abrigando uma ampla variedade de organismos com potencial para aplicações farmacêuticas, alimentícias e industriais. Está aberto o caminho para o desenvolvimento de novos medicamentos, alimentos mais saudáveis e materiais mais sustentável para além da pesca tradicional, a nossa ZEE oferece oportunidades para s exploração sustentável de recursos pesqueiros através da aquacultura, que garantirá o abastecimento complementar de produtos pesqueiros.

A preservação e desenvolvimento das pradarias de algas submarinas, bem como a proteção do fitoplâncton, permite que estas enormes massas vegetais cumpram a sua função de captura de CO2, que tem valor económico em termos de mercados de licenças de emissão. À medida que entramos nesta nova era da Engenharia Azul e da Economia do Mar, é crucial que governos, empresas, academia e a sociedade em geral interajam de forma colaborativa para utilizar sustentadamente o potencial económico dos mares, enquanto preservamos a sua riqueza natural para as gerações futuras.

Em suma, os mares portugueses oferecem um cenário propício para o desenvolvimento da Engenharia Azul no nosso País.

Portugal, com a colaboração dos engenheiros portugueses, deve aproveitar os recursos marinhos de maneira sustentável, impulsionar o crescimento económico, criar empregos de qualidade e promover a inovação nesse setor estratégico. É hora de olharmos outra vez para além da costa e explorarmos esse horizonte, desbravando as maravilhas dos oceanos e construindo um futuro próspero e em harmonia com o ambiente.

* Editorial da INGENIUM – Revista da Ordem dos Engenheiros.

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