Empresas: Medidas sustentáveis ?

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Defesa do ambiente (imagem genérica)
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Com os efeitos cada vez mais visíveis das alterações climáticas, várias empresas começam a tomar medidas a que chamam sustentáveis. O objetivo não é, no entanto, reduzir as emissões.

Por Ernesto Oliveira *

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Foi numa recente edição do jornal “Ecos de Cacia” anunciado que “a The Navigator Company investiu nos últimos 5 anos, mais de 8 milhões de euros em projetos para a promoção de eficiência energética”. Segundo as contas da empresa vão começar a ser emitidas aproximadamente menos 23.000 toneladas de CO2 (dióxido de carbono) por ano. A empresa celebra o seu salto sustentável, dizendo que a poupança equivale às emissões de cidades com 31 mil habitantes, como Viseu e Setúbal. Assim tenta tranquilizar quem vive em Aveiro, com os seus novos números.

No entanto, se somarmos as emissões anuais das suas três fábricas mais poluentes em Portugal, sendo a de Cacia uma delas, e subtrairmos as 23.000 toneladas de CO2 sobram 3.075.882 toneladas de CO2 emitidas todos os anos para a atmosfera (Fonte: “Inventário das Emissões de Portugal Acordo de Glasgow 2021”). Haiti, um país com 10 milhões de habitantes, produz tanto CO2 anualmente como as três fábricas mais poluentes da The Navigator Company em Portugal.

Com os efeitos cada vez mais visíveis das alterações climáticas, várias empresas começam a tomar medidas a que chamam sustentáveis. O objetivo não é, no entanto, reduzir as emissões. Se assim fosse, empresas como a Navigator iriam cortar substancialmente as suas emissões, investir em alternativas que realmente fazem a diferença e nos protegem a nós e ao planeta. De momento limitam-se a gotas de água no oceano, como trocar umas quantas lâmpadas, apenas para fazer notícia. Nada disto é sinónimo de sustentabilidade. Aliás, o último Relatório de Litígio Climático Global da ONU alerta precisamente para os perigos do Greenwashing. Termo usado para fazer referência a campanhas de marketing de empresas que utilizam dados acerca do impacto ambiental de forma enganadora.

Um anúncio destes é, no mínimo, constrangedor. Existem várias formas de comunicar informação, e o anúncio da Navigator foi um truque bem sucedido. Atirar grãos de pó para a cara enquanto varre o elefante para debaixo do tapete não só é uma falta de respeito para com quem vai ler. É uma manobra suja de se fazer passar por aquilo que não é. Assegurar um futuro de qualidade para os nossos filhos e netos só é possível com acesso a informação segura e de confiança. Anúncios como os da Navigator contribuem para um retrocesso nesse sentido. A Navigator é tão verde como a cor das suas chaminés.

* Estudante, Aveiro.

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