O Bloco de Esquerda teve conhecimento que a empresa Cordex – Companhia Industrial Têxtil, não procedeu ao pagamento do salário referente ao período de 6 a 17 de abril.
Este salário era devido aos trabalhadores residentes no concelho de Ovar que, não obstante o cerco sanitário, continuaram a trabalhar uma vez que residiam e trabalhavam no mesmo concelho.
Tanto quanto nos foi comunicado, os trabalhadores da Cordex residentes no concelho de Ovar começaram a laborar a partir do dia 6 de abril, enquanto os restantes trabalhadores, que residiam fora do concelho de Ovar, só com o fim da cerca sanitária, no dia 17, é que voltaram aos seus postos de trabalho.
No entanto, a empresa Cordex, no final do mês de abril, não pagou aos trabalhadores residentes no concelho de Ovar os dias trabalhados entre os dias 6 e 17 desse mês, tendo os trabalhadores recebido a informação que esses dias seriam pagos pela Segurança Social.
Lembre-se que durante a situação de calamidade e cerca sanitária do concelho de Ovar, foi proibido o atravessamento das fronteiras do concelho, pelo que quem tivesse ficado impedido de trabalhar por residir fora do concelho recebeu um apoio da Segurança Social, equivalente a 100% da sua remuneração. Os trabalhadores residentes no concelho de Ovar e cujas empresas decidiram laborar assim que foi permitido, deveriam, como é lógico, receber a sua remuneração a 100% paga pela própria empresa.
Não será isto que a Cordex estará a fazer, parecendo pretender que a Segurança Social assuma o pagamento do salário a todos os trabalhadores, mesmo aqueles que não estiveram impedido de trabalhar por causa do cerco sanitário e que, inclusivamente, estiveram a trabalhar e, nesses dias, a realizar mais-valia para a empresa.
O BE relembra que no dia 22 deste mês, o Presidente da república e o Primeiro-ministro visitaram uma empresa do grupo Cordex em Ovar, a Flex2000. Que tinha sido condenada no passado pela Autoridade da Concorrência por prática de cartel.
Perante esta informação o Bloco de Esquerda considera que quer a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), quer o Instituto de Segurança Social (ISS) devem intervir e averiguar a situação. Foi anunciado pelo Governo que estas duas entidades estarão no terreno, nos próximos dias, numa ação nacional de fiscalização relacionada com o lay-off simplificado. Não sendo esta uma situação relacionado com o lay-off, a Segurança Social não deve deixar de fiscalizar a mesma, uma vez que pode estar em causa a tentativa de acesso indevido a apoios. Os deputados do Bloco já questionaram o Governo.
Bloco de Esquerda