A construção civil começou a preferir as obras privadas e a deixar muitos concursos públicos vazios.
Uma ‘dor de cabeça’ para as autarquias que têm sido obrigadas a aumentar os preços base para fazer face a exigências dos empreiteiros.
Os municípios enfrentam crescentes dificuldades para encontrar empreiteiros disponíveis e as obras que acabam por conseguir adjudicar, “além de sofrerem atrasos de dois, três ou mais meses, estão a sair mais caras, entre 15 a 20%”, estimou José Ribau Esteves.
“O problema começa a ser geral”. alertou o primeiro vice-presidente da ANMP e autarca de Aveiro, mostrando-se preocupado com as consequências na execução de despesa, em grande medida garantida por fundos europeus.
As perspetivas são de ainda maiores dificuldades nos próximos dois anos, coincidindo com segunda metade do mandato autárquico, habitualmente uma fase com mais obras no terreno. “Nós vamos no quinto concurso sem poder adjudicar. É comum nas Câmaras por esse país fora. No próximo ano vai agravar-se, porque a quantidade de obra será superior a 2018”, adiantou o edil eleito em coligação PSD-CDS.
As razões são várias: “Os empreiteiros estão carregados de obra, o sector privado paga melhor e não há mão-de-obra disponível”. Reina “a lei do mercado”, ou seja “quando a oferta de trabalho é grande, as empresas disponíveis não têm capacidade e os custos aumentam”.
“Continuar a lutar contra as contrariedades”
Os empreiteiros e empresas de projetistas / arquitetos atualmente preferem obras privadas, onde existem melhores perspetivas, alavancadas em grande medida pela alta do mercado imobiliário.
“Vamos ter de continuar a lutar contra as contrariedades que estão a acontecer em Aveiro e por todo o País, que têm como resultado a maior utilização de tempo para executar despesa, por causa de termos mais burocracia pela legislação nacional, múltiplos atrasos dos projetistas, aumento dos custos das obras e escassez de empreiteiros, elevando-se o número de concursos que não conseguimos adjudicar”, escreveu Ribau Esteves na comunicação enviada à Assembleia Municipal de Aveiro a pretexto das Grandes Opções do Plano (GOP) de 2019.