Em defesa dos estudantes da Universidade de Aveiro – resposta da AAUAv ao presidente da Câmara Municipal

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Traje académico da Universidade de Aveiro.

Não podemos compactuar com uma política pura de palco, quando nos confrontamos com múltiplos anos de várias reuniões promovidas entre AAUAv e CMA sem qualquer avanço em matéria de apoio financeiro. A direção da AAUAv não pode deixar de considerar como má-fé que, nem 24h depois de uma reunião  onde “foi decidido colocar um ponto final nessa etapa de relacionamento mais difícil e dar início a uma nova etapa de relação institucional entre a CMA e a AAUAv, de cooperação ativa e intensa”, o mesmo Ribau Esteves tenha decidido publicar um comunicado recheado de informações que não correspondem à verdade e que, por esse motivo, obrigam a esta resposta.

Por Direção da AAUAv *

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Na sequência do comunicado “Informação à Comunidade Académica da Universidade de Aveiro e aos Aveirenses”, publicado pela Câmara Municipal de Aveiro (CMA), no passado dia 9 de fevereiro, a direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), em nome da verdade dos factos, em defesa de mais de 17 mil estudantes, do bom nome da Instituição, dos seus dirigentes e dos seus antigos dirigentes, vem, por este meio, dar nota do seguinte.

1) No passado dia 18 de janeiro, o presidente da direção da AAUAv, Wilson Carmo, afirmou que “desde que o atual executivo [da CMA] tomou posse, há 10 anos, a maior associação do Município [de Aveiro] não recebeu qualquer apoio financeiro”. A direção da AAUAv renova esta afirmação. Só no último ano, em 2023, foram apoiadas 38 associações desportivas e 87 associações das áreas de ação social, cultura, ambiente e cidadania. A AAUAv, maior associação do Município, com mais de 17 mil estudantes, não recebeu qualquer apoio financeiro, apesar das sucessivas promessas por parte do executivo camarário;

2) No comunicado lançado pelo Presidente da CMA, este afirma que foram dados variados apoios logísticos pela CMA à AAUAv, assim como a isenção de taxas no valor de 51.000€. Aqui, importa referir que ao longo dos últimos 10 anos, a AAUAv pagou ao Município um valor global de 72.000€ referentes a serviços contratados à CMA, ou a utilização de infraestruturas municipais, como é exemplo o parque de Feiras de Exposições de Aveiro. Ainda neste ponto, importa recordar que, a pedido do Sr. Presidente da CMA, a AAUAv cedeu de forma gratuita, durante largos meses (o que correspondia a milhares de euros em renda), o antigo terreno da Rua Manuel Firmino (referido em Comunicado CMA), para que o mesmo fosse utilizado como estaleiro de obras;

3) Também no comunicado é afirmado que foi dado apoio financeiro, na ordem dos 3.500€/ano (valor global de 25.249,98€, desde 2018), ao Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro (GrETUA), uma secção autónoma da AAUAv.É, porém, omitido que a CMA não deu qualquer apoio financeiro à atividade regular do GrETUA, mas antes contratou serviços ao GrETUA, como criações ou coproduções, integradas na estratégia cultural do Teatro Aveirense e na candidatura ‘’Aveiro Capital Europeia da Cultura 2027’’;

4) No comunicado da CMA não é referida a inexistência de apoios financeiros diretos à AAUAv nos últimos 10 anos. Reconhecendo que o contexto financeiro da CMA, dos primeiros 3 anos e meio (do exercício de funções do atual presidente), não o permitiu, impõem-se a questão – o que aconteceu nos últimos 6 anos e meio?

Neste ponto, é importante enquadrar que Aveiro é o Município com Instituição de Ensino Superior, em que o número de estudantes maior impacto direto tem na Região. 22% do município são estudantes universitários, e a AAUAv é ao mesmo tempo a única Associação Académica do país que não recebeu qualquer apoio financeiro direto por parte do seu Município ao longo dos últimos 10 anos.

É este o tratamento que tem uma comunidade estudantil que, só em habitação, no que diz respeito aos seus 10 mil estudantes deslocados (estudantes provenientes de zonas fora do distrito de Aveiro), deixa todos os anos, aos cidadãos deste Município, cerca de 38 milhões de euros. Isto, tendo em consideração o valor médio de 320€/quarto/mês em Aveiro, que consta no relatório do Observatório do Alojamento Estudantil. Será justo que, em contrapartida, o apoio financeiro a atividades promovidas pela mesma comunidade seja de 0€?;

5) É afirmado também que a CMA teve uma “importância fundamental na realização das Fases Finais do Desporto Universitário que se realizaram em Aveiro, em 2018”. Importa notar que para estas fases finais, foram prometidos encontros de contas entre as ‘’dívidas’’ que a AAUAv tinha ao Município, onde houve uma promessa financeira de 12.000€, que nunca chegou a ser efetuada.

6) Foi afirmado ainda que a AAUAv tem uma dívida de 8.575,31€ ao Município. No entanto, é omitido que a AAUAv sempre afirmou que honraria os seus compromissos no mesmo dia em que a CMA honrasse os seus, isto é, assim que a CMA pagasse os 12.000€ em dívida referente ao apoio às Fases Finais dos Campeonatos Nacionais Universitários de 2018;

7) Quanto ao terreno mencionado no comunicado, outrora propriedade da AAUAv, na Rua Manuel Firmino, é referido que o mesmo foi doado pela CMA à AAUAv. Este facto não corresponde à verdade. A AAUAv comprou o terreno à CMA por 25 mil contos (cerca de 125.000€), em 1999. O objetivo desta aquisição era a construção do Solar Académico, um edifício onde seriam fixados serviços de apoio ao estudante, espaços para atividades culturais e sociais e ainda uma zona de alojamento para estudantes.

Para além disto, é omitido, que a CMA prometeu apoios financeiros para realização desta obra, conforme se pode verificar na notícia lançada a 28 de junho de 1999 no Notícias de Aveiro. (https://www.noticiasdeaveiro.pt/aveiro-universitarios-adquirem-casa-para-instalar-solar-academico/) A isto, importa acrescentar que a CMA nunca cumpriu com o seu compromisso e nunca se disponibilizou a dar qualquer apoio financeiro ou sequer a apontar uma única solução para o projeto avançar, não tendo a AAUAv capacidade financeira para avançar com um projeto que implica um investimento superior a 1 milhão de euros;

8) O comunicado refere ainda que o terreno foi vendido pela AAUAv a privados, por decisão do presidente da direção da AAUAv Wilson Carmo. Facto este, que não corresponde à verdade, uma vez que este foi vendido no início de 2022, à data presidente da direção da AAUAv António Alves, com a imposição contratual da obrigatoriedade do novo proprietário construir residências para estudantes. A verdade é que há uma enorme falta de camas para estudantes deslocados que escolhem o Município de Aveiro e a Universidade de Aveiro para estudar, sendo que a venda surge pela incapacidade financeira da AAUAv em construir residências universitárias, e a garantia de que um privado as irá executar;

9) Quanto à afirmação de que a CMA e os seus representantes não foram saudados por ocasião da organização do Campeonato Mundial Universitário de Corta-Mato, em março de 2022, tal facto não corresponde à verdade, uma vez que não apenas foi saudado, como foi inclusive a personalidade escolhida pela direção da AAUAv para subir ao palco e declarar oficialmente aberta a competição. Na verdade, esta foi uma estratégia de aproximação do presidente da direção da AAUAv, que tinha iniciado funções há apenas um mês e que pretendia restabelecer as relações de parceria com a CMA.

O que o presidente da CMA afirma, e desta vez a direção da AAUAv confirma, é que depois de mais uma vez não ter sido dado qualquer apoio financeiro a uma das raras competições internacionais desportivas realizadas na cidade de Aveiro ao longo dos últimos anos, a direção da AAUAv entendeu deixar de dar espaço e tempo para o presidente da CMA se dirigir à comunidade académica nos seus eventos e cerimónias.Não podemos compactuar com uma política pura de palco, quando nos confrontamos com múltiplos anos de várias reuniões promovidas entre AAUAv e CMA sem qualquer avanço em matéria de apoio financeiro;

10) No presente comunicado, é ainda referida a ausência de apoio da AAUAv às iniciativas Maratona Europeia, Aveiro Tech City Open Days, ou participação na discussão da ‘’nova rede de transportes’’ para o Campus UA. Aqui, importa referir uma vez mais a verdade. A direção da AAUAv colaborou com os seus núcleos culturais para a animação da Maratona Europeia, divulgando a mesma;

A AAUAv além de comunicar junto da comunidade estudantil a Aveiro Tech City Open Days, cedeu de forma gratuita e sem reconhecimento municipal, transporte para os estudantes da UA que pretendessem juntar-se a iniciativa; a AAUAv sempre tentou trabalhar para a melhoria da rede de transportes, solicitando reuniões de discussão que nunca aconteceram, e numa rede com deficiências que afetam diariamente comunidade académica.

11) Por último, a direção da AAUAv não pode deixar de considerar como má-fé que, nem 24h depois de uma reunião promovida entre a CMA e a AAUAv no passado dia 8 de fevereiro onde, citando o próprio Ribau Esteves, “foi decidido colocar um ponto final nessa etapa de relacionamento mais difícil e dar início a uma nova etapa de relação institucional entre a CMA e a AAUAv, de cooperação ativa e intensa”, o mesmo Ribau Esteves tenha decidido publicar um comunicado recheado de informações que não correspondem à verdade e que, por esse motivo, obrigam a esta resposta.

A direção da AAUAv informa que, apesar de ter agendada uma nova reunião com o Executivo Camarário para os próximos dias, um protocolo financeiro não vale mais que a imagem de uma instituição. Para nós, a colaboração institucional é de extrema relevância, mas deve assentar sempre numa relação de verdade e de princípios, que não pode assentar no levantamento de falsos testemunhos ou falhas na verdade. Por fim, reforçar que os últimos anos em nada têm sido profícuos para a relação e que ambas as partes saem a perder. O comunicado por parte da AAUAv não estava previsto, mas não compactuamos com mentiras. Não é um problema de hoje, ou de ontem, é um problema que se arrasta desde 2013. Ainda assim, e após reunião a 8 de fevereiro de 2024, reforçamos que também pretendemos colocar um ponto final do assunto, mas desta vez assente na cooperação e verdade.

Mais que passado futuro,
Direção da AAUAv

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