E se as alterações climáticas o forçassem a fugir e a deixar tudo para trás?

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ACNUR (imagem divulgado no site ACNUR).
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As alterações climáticas são a crise que melhor define a contemporaneidade, e a deslocação forçada é uma das suas consequências mais devastadoras. Mas será que esta é uma preocupação apenas dos dias de hoje?

Por Joana Feliciano *

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Recordemos o Terramoto de 1755 que abalou Lisboa. Em poucos minutos, perderam-se muitas vidas, deslocaram-se populações, destruíram-se meios de subsistência, casas e infraestruturas. Estávamos perante as primeiras deslocações forçadas como resultado de um fenómeno climático extremo. Acontecimento este que, pela sua dimensão e alcance, desencadeou aquela que foi provavelmente a primeira ação de Ajuda Humanitária Internacional.

E se no século XVIII a preocupação instalou-se, em pleno século XXI a relação entre o clima e as deslocações forçadas é uma realidade que faz parte do nosso dia a dia e que urge uma resposta rápida e com impacto real para travar este flagelo.

Atualmente, 40 milhões de refugiados, retornados, pessoas deslocadas internamente e apátridas vivem em 25 países altamente vulneráveis ao clima. Representam atualmente 70% do total de deslocados internos, 60% dos apátridas e 40% dos refugiados.

Catástrofes como a seca generalizada da Ásia ao Corno de África e as inundações em massa no Bangladesh, Paquistão, Sudão do Sul e Chade; o Afeganistão entre a seca e as inundações; os sucessivos ciclones em Moçambique; a seca extrema na Somália, no Quénia e na Etiópia; os recentes terramotos na Síria, na Turquia e noutros pontos do globo… Todos exemplos que ilustram o impacto das alterações climáticas na vida de milhões de pessoas que se veem forçadas a fugir e a deixar toda uma vida para trás.

Por outro lado, também a procura de soluções duradouras e o regresso a casa de quem é forçado a fugir são cada vez mais complexos: em 2020, apenas 1% dos refugiados conseguiu regressar a casa. Um desafio que irá provavelmente crescer, uma vez que o impacto das alterações climáticas deteriora ainda mais as condições básicas de vida e as oportunidades de desenvolvimento em muitos países de origem.

Uma crise sem precedentes que coloca hoje milhões de refugiados e deslocados a viver em “pontos críticos” do planeta no que toca ao clima, sem qualquer acesso a recursos para se adaptarem a um ambiente cada vez mais inóspito. Estamos perante uma realidade com consequências drásticas para estas populações, onde assistimos a um aumento do risco de conflitos, violência, grave insegurança alimentar e aparecimento de novas doenças e à redução do acesso a água potável e a uma vida digna e em segurança.

Neste sentido, enquanto Portugal com ACNUR, parceiro nacional da Agência da ONU para os Refugiados que trabalha na sensibilização e na mobilização de fundos que garantem a resposta humanitária nos países mais suscetíveis ao clima, não podemos deixar de apelar ao contributo de todos – cidadãos, Governos, entidades e Organizações sociais – para uma resposta humanitária que é cada vez mais urgente e necessária para apoiar todas estas pessoas afetadas pela emergência climática. Não podemos deixar que estas comunidades fiquem para trás e que estas populações deslocadas e apátridas acabem “esquecidas” quando falamos da emergência climática, agravando ainda mais as grandes desigualdades que já enfrentam.

Com uma vasta experiência no terreno ao nível da proteção e assistência humanitária, o ACNUR tem lutado para reverter esta realidade e dar as condições necessárias a estas pessoas para refazerem as suas vidas e estarem preparadas para enfrentar, e sempre que possível mitigar, os efeitos das alterações climáticas. Neste sentido, a Organização tem trabalhado para garantir proteção internacional às pessoas que fogem vítimas das alterações climáticas e assegurar que dispõem de um maior acesso a recursos e serviços centrados na proteção e ambientalmente sustentáveis, assim como a melhores meios económicos e físicos para se prepararem, resistirem e recuperarem dos choques e das pressões climáticas.

No entanto, neste momento, estas ações ainda são insuficientes para dar resposta a esta crise humanitária, bem como o atual investimento internacional dedicado a estas respostas de emergência. Por isso, hoje a Portugal com ACNUR convida-o a juntar-se a nós na consciencialização sobre os factos e mitos e na ação humanitária concreta através de um donativo. Com o seu apoio, podemos proteger quem hoje é vítima e contribuir para que o nosso planeta e o nosso Futuro nos mantenham a todos a salvo e em segurança.

* Responsável de Marketing & Comunicação da Portugal com ACNUR. Artigo publicado originalmente no site Greensavers.

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