À primeira vista, a tentativa de assalto à ourivesaria do centro comercial 2002, contígua à Avenida Lourenço Peixinho, em Aveiro, poderia parecer obra de ladrões de ocasião num momento de arrojo.
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Não foram encontradas armas, por exemplo. A exposição do estabelecimento escolhido, em pleno centro da cidade, atualmente com grandes constrangimentos viários, devido a obras, dificultaria a fuga. A segurança de que está dotado (videovigilância e bloqueio de porta), também, poderia desincentivar a investida que terá sido preparada com uma visita prévia à loja, agindo como cliente normal. A funcionária sequestrada mostrou-se convicta disso mesmo.
No entanto, nas averiguações já feitas, e que foram carreadas para o processo, a PSP encontrou indícios que apontam em outro sentido, de algo mais elaborado e com outras ramificações.
A dupla, de 42 e 50 anos, de nacionalidade ucraniana (e não russa como a PSP inicialmente apontou, corrigindo depois para “incerta” sem adiantar mais até ao momento), ficou a aguardar o desenrolar do inquérito em prisão preventiva, por roubo na forma tentada e sequestro.
A medida de coação mais gravosa determinada após interrogatório judicial que decorreu no Juízo de Instrução Criminal de Aveiro (JIC) deve-se ao risco de fuga e continuação de atividade delituosa, caso os indivíduos fossem libertados, mesmo que sujeitos a outras obrigações. Mas não só: os homens surgem referenciados nas bases de dados por criminalidade internacional, sendo procurados na Alemanha.
A presença dos suspeitos na região será relativamente recente, vindos de outro país europeu, havendo um registo da passagem por França. Não teriam, até agora, quaisquer ligações familiares, por exemplo, que os motivassem, especialmente, a ficar em Aveiro.
Um deles levaria cerca de três semanas de estadia e o outro juntou-se-lhe, tudo indica, nos últimos dias, eventualmente com o propósito de executar assaltos.
Os indivíduos entraram na loja e surpreenderem a funcionária amarrando-lhe as mãos com algo do tipo fita cola. Depois vasculharam tudo em busca de artigos de valor que pudessem levar. O dispositivo montado pela PSP, avisada pelos proprietários que estavam a ver o que se passava pelas imagens de vigilância, travou os intentos dos agora detidos, que decidiram não resistir e aceder ao agente policial que fez de negociador para colocar fim ao sequestro, no que teve sucesso ao fim de duas horas de sequestro.
Por declarações de um amigo da vítima, ainda no sábado, soube-se que uma das últimas preocupações dos supostos assaltantes foi verem-se livre de algo, usando como recurso a sanita, despejando a água do autoclismo.
Sabe-se, ainda, que a tentativa de assalto decorreu enquanto, tudo indica, um dos suspeitos, estava ao telemóvel, possivelmente, com um terceiro elemento, a receber indicações ou informações sobre a movimentação no exterior.
A dupla não estaria a atuar por sua conta, de resto existem indicações policiais de que possam fazer parte de um grupo mais vasto envolvido em assaltos que poderia estaria a expandir.
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