Dupla acusada de burlas de milhares de euros com créditos em silêncio no tribunal

1488
Tribunal de Aveiro.

Dois homens acusados de burlas de vários milhares de euros para aquisição de telemóveis de gama alta, que eram vendidos depois através da Internet, e fazer outras despesas, remeteram-se ao silêncio no Tribunal de Aveiro.

O alegado ‘esquema’ usado pelos arguidos, residentes no Grande Porto, à data sem outra atividade, passava por angariar indigentes e outras pessoas vulneráveis que, aliciados com algum dinheiro, eram usados para compras a crédito.

O tribunal ouviu como testemunha um ofendido de Esmoriz, concelho de Ovar, que terá facultado a caderneta bancária utilizada por desconhecidos na compra de vários equipamentos no valor de alguns milhares de euros em centros comerciais do Norte do país.

O homem, que não reconheceu os arguidos, disse ter sido confrontado com o pagamento de prestações por créditos, estando ‘a contas’ com processos executivos movidos pela instituição bancária lesada.

A GNR acabaria por ser informada deste e de outros casos em Esmoriz, iniciando uma investigação que levou a desmantelar o ‘esquema’ em julho de 2018.

O acusado mais velho, de 50 anos, que responde por cinco crimes de burla qualificada, seria, tudo indica, quem angariava as pessoas para os créditos e procedia às compras dos equipamentos. Foi identificado em tribunal por outro lesado, um cidadão inválido, como “a pessoa” que o terá tentado convencer a desistir da queixa na polícia.

Outros indivíduos não identificados terão estado mais directamente envolvidos. “Levaram-me a fazer uma conta em Espinho para ter um cartão de crédito, fizeram-me comprar telemóveis, tablets, cartões e outras coisas em lojas. Não posso pagar isto”, declarou, explicando que foi obrigado a abrir a conta depois “ameaçado por algo que parecia uma arma”.

O homem negou que tivesse recebido alguma contrapartida financeira para alinhar na burla. “Só depois é disseram que me davam 100 euros se desistisse da queixa”, insistiu.

O arguido mais novo, de 32 anos, que comprava os equipamentos para revender pela Internet a preços inferiores ao mercado, tinha na residência, na cidade da Maia, quase quatro dezenas de telemóveis, três consolas de jogos, um ‘smartwatch’, dois mil euros em dinheiro e vários documentos relacionados com as burlas. Está acusado de dez crimes de receptação.

» Os supostos burlões selecionavam pessoas mais vulneráveis, convencendo-as a fazerem cartões de créditos, tendo como contrapartida o pagamento em dinheiro de valores bastante baixos. Os cartões eram usados na aquisição de equipamentos eletrónicos e de telecomunicações, que posteriormente eram entregues ao suspeito de recetação que os vendia na Internet, a um valor inferior ao praticado no mercado.

Publicidade, Serviços & Donativos