Se há lugar-comum que este século em que vivemos nos trouxe é que a aprendizagem tem de ser feita ao longo de toda a vida e não, apenas e só, como nos séculos passados, ficar presa ao período académico da nossa vida e a umas quantas formações periódicas mais ou menos obrigatórias ao longo dos anos, vistas pelas pessoas não como um acrescento ou uma oportunidade para aprender novos conhecimentos, mas como algo obrigatório ou imposto para subir na carreira ou ganhar mais.
Por Tim Vieira *
O século XXI, com o advento da internet das coisas, das novas tecnologias, da inteligência artificial, dos algoritmos, trouxe uma velocidade e uma capacidade de transformações tecnológicas que colocam ao ser humano desafios incríveis, não só para estarem a par, como também na resiliência que devem ter para ultrapassar esses desafios. Por isso, nesta nossa época, mais importante do que o «saber fazer», ou seja, o conjunto de técnicas que aprendemos e utilizamos para resolver problemas, sempre da mesma forma, importa valorizar o «fazer saber», ou seja, ter a capacidade de adquirir, além de técnicas, competências e pensamento. As competências, que muitas vezes são desvalorizadas, não passam de capacidades combinadas que permitem que qualquer desafio seja transponível, se nos socorrermos de tudo o que temos à nossa disposição – a técnica, a competência, o conhecimento, o pensamento e a capacidade de resolver problemas diversos e muitas vezes, únicos.
Fazer saber é produzir conhecimento. E utilizar esse conhecimento, não apenas para aplicar no problema que temos de enfrentar, mas noutros que surjam, dentro da mesma área. Para que isto aconteça é necessário antes de mais, dar aos nossos estudantes tempo e espaço. Tempo para que, sem perderem de vista a base essencial, o tronco comum das várias ciências, possam focar-se nas áreas de que mais gostam, de forma a que possam desenvolver um conhecimento mais profundo e apurado. Essa combinação, de estudos gerais com experimentação e aprofundamento do conhecimento numa área específica, permite um crescimento exponencial das capacidades, que levam depois à resolução de problemas e à ultrapassagem de desafios. É um pouco como um jogo de vídeo. Cada jogador tenta com as suas competências, passar ao nível seguinte. E o que aprendeu para trás vai ser-lhe útil mais à frente, para vencer outros níveis do jogo. Para chegar ao fim e ganhar, cada desafio implica repetição – técnica – mas também improviso, capacidade de adaptação, risco e ousadia.
O sucesso não se constrói (nem só, nem sempre) em cima do sucesso. É preciso falhar, errar, tentar de novo. Nem sempre o que parece uma boa ideia, resulta depois num bom projeto. Quase nunca se acerta à primeira. O fracasso, tal como num videojogo, não deve ser visto como uma derrota, muito menos final. É apenas mais um passo na aprendizagem.
Sim, temos de saber fazer. Mas, cada vez é mais importante fazer saber. É isso que vai, no futuro, distinguir os profissionais. E são estes “jogadores” que arriscam, ultrapassam obstáculos e resolvem problemas que as empresas do século XXI querem ter. Não tragam problemas. Tragam as soluções. E a solução está dentro de nós.
* Empreendedor, Fundador da Brave Generation Academy. Artigo publicado originalmente no site da AEP.
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