Do LEGO à lua: Os brinquedos podem contribuir para a educação científica?

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Ciência Cidadã.

Em janeiro deste ano o Japão fez um pouso lunar bem sucedido e, pela primeira vez, uma empresa de brinquedos foi encarregada de desenvolver uma das sondas exploratórias para a missão. Criado pela empresa que desenvolveu os robôs Transformers, o simpático SORA-Q possui a forma e o tamanho de uma bola de ténis, assemelhando-se aos robots esféricos dos filmes de ficção científica. E, claro, já possui sua versão em brinquedo que se move e tira fotos, tal como a sonda.

Por Lais Rodrigues *

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A NASA e a LEGO já possuem uma longa parceria na utilização de brinquedos para compreensão de conceitos de robótica e exploração espacial. Em 2011, versões de LEGO dos deuses Juno e Júpiter e do cientista Galileu Galilei estiveram a bordo da missão espacial Juno para Júpiter. Esta iniciativa integrava o programa educativo Bricks in Space (Peças no Espaço), que pretendia despertar a atenção das crianças para conteúdos relacionados com a astronomia, a física e a matemática.

Brinquedos científicos podem ser definidos como recursos educativos que combinam tecnologia, conhecimento e ludicidade, desenvolvidos para exploração de conceitos e teorias científicas. A sua origem remonta ao Século XIX, inicialmente para o entrenimento de adultos. Posteriormente, quando a Revolução Industrial renovou o interesse na ciência e na educação técnica, estes brinquedos passaram a ser utilizados também para o ensino das crianças.

Deste modo, brinquedos como kits de química e conjuntos de construção foram introduzidos para despertar o interesse das crianças pelas ciências naturais e pela engenharia, criando a ideia de vocação científica. Progressivamente, estes brinquedos foram ganhando espaço em tratados de ensino e livros didáticos, contribuindo para a compreensão do método científico e valorizando a importância da experimentação.

Iniciativas como a sonda SORA-Q e a parceria da LEGO com a NASA demonstram o potencial desses recursos para tornar a ciência acessível e interessante para as crianças, sendo componentes essenciais na educação STEAM (Science, Technology, Engineering, Arts and Mathematics). Ao introduzir conceitos científicos de forma divertida e acessível, os brinquedos científicos ajudam a desenvolver habilidades cognitivas complexas essenciais para o século XXI, como resolução de problemas, pensamento crítico e raciocínio lógico.

A investigação de pós-doutoramento que estou a realizar no CIDTFF tem demonstrado que estes brinquedos não só tornam a aprendizagem lúdica, como também preparam as crianças para enfrentar os desafios do mundo com habilidades críticas e inovadoras. Como designer, acredito que a componente emocional da relação da criança com os brinquedos é capaz de criar um vinculo significativo com a aprendizagem, estimulando a curiosidade e a paixão pela ciência.

* Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Artigo publicado originalmente no site UA.pt.

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