O Dia Mundial da Luta Contra o Cancro foi instituído a 4 de fevereiro de 2000 e comemora-se anualmente, por iniciativa da União Internacional de Controlo do Cancro (UICC) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Por Sandrina Nóbrega Pereira, investigadora auxiliar; Luisa Helguero, professora auxiliar, coordenadora do Laboratório de Hormonas e Cancro *
Tem como principal objetivo sensibilizar a população mundial da necessidade de promover a investigação científica, adotar medidas de prevenção e melhorar o diagnóstico e tratamento do cancro, de modo a reduzir o impacto global desta doença. Nos próximos três anos, o tema central será aumentar a consciencialização sobre as desigualdades no acesso ao tratamento do cancro em todo o mundo.
“A importância de uma vida saudável e do diagnóstico precoce”
O cancro é uma das principais causas de morte a nível mundial e Portugal não é exceção, sendo a segunda causa depois das doenças cardiovasculares e representando um enorme fardo para a sociedade. Educar e informar sobre a biologia do cancro e fatores de risco associados é o primeiro passo para a prevenção efetiva desta doença. Estimativas do Observatório Global do Cancro indicam que nos últimos 20 anos a incidência de todos os tipos de cancro aumentou na maioria dos países. Os fatores transversais a este aumento são o envelhecimento da população, exposição a poluentes, obesidade, consumo de álcool e sedentarismo. É urgente combater esta tendência, sendo que todos nós, podemos adotar um estilo de vida saudável aliado a uma alimentação equilibrada e exercício físico, que no geral diminuem o risco de aparecimento do cancro.
O cancro é uma doença que se inicia quando as células de um tecido crescem de forma anormal e desregulada. O cancro hereditário representa uma minoria dos casos, sendo que a grande proporção está associada ao envelhecimento das células, declínio do sistema imune e exposição a agentes cancerígenos, como o tabaco e álcool. Se não for tratado, o tumor pode crescer e espalhar-se para o tecido normal circundante e outras partes do organismo, comprometendo a função vital. Assim, o diagnóstico precoce é essencial para detetar o cancro numa fase inicial, potenciando largamente o sucesso do tratamento, sendo para isto, necessário realizar os rastreios médicos de forma regular. Neste contexto, a Covid-19 exacerbou uma situação já de si crítica. Dados do portal de transparência do SNS estimam que a pandemia deixou quase 5 mil cancros por diagnosticar e que a falta de diagnósticos atempados fez aumentar os casos mais graves na área de oncologia.
“A investigação não pode parar”
A investigação numa área de intervenção tão importante como o cancro é fundamental. O nosso conhecimento sobre a biologia do cancro tem aumentado e permitido desenvolver novas terapias na clínica, que atacam o tumor de forma mais específica e com menor toxicidade para as células normais do corpo. Estas terapias inovadoras são o resultado do trabalho da comunidade científica que através do estudo das propriedades das células do cancro, pode entender de que modo estas células escapam às terapias, e ao reconhecimento do papel fundamental do sistema imunitário no controlo desta doença.
Cada vez se sabe mais sobre o cancro mas ainda existem muitos desafios. A nossa missão como investigadores é usar a ciência como ferramenta para desenvolver novos métodos de tratamento e diagnóstico que visem melhorar a qualidade de vida dos doentes oncológicos. A nossa missão é também sensibilizar a sociedade de que todos temos um papel a desempenhar nesta luta, destacando que a cooperação entre cientistas, profissionais de saúde, pacientes e comunidade, governos e parceiros da indústria, é fundamental para acelerar o progresso na luta contra o cancro.
* iBiMED – Instituto de Biomedicina e Departamento de Ciências Médicas, Universidade de Aveiro. Artigo originalmente publicado em UA.pt.
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