O antigo bancário acusado de desfalque numa agência de Estarreja confessou parcialmente os factos de que está acusado. “Algumas coisas são verdade, muitas não”, ressalvou no início do julgamento, esta manhã, no Tribunal de Aveiro.
O arguido assumiu que movimentava quatro contas, de clientes familiares da esposa à data, e usava cartões multibanco entregues e com o conhecimento dos mesmos.
As transferências e levantamentos terão ocorrido, segundo explicou, para contornar exigências do banco (Banif) na aprovação de empréstimos a clientes que conhecia.
Quando tais propostas de crédito eram recusadas, procurava “clientes investidores” a troco de juros mais elevados. Dessa forma, conseguia “ajudar” quem precisava de dinheiro, garantindo que não teve qualquer “contrapartida” com o esquema montado à margem das regras internas.
“Não ganhei rigorosamente nada. Sabia que era ilegal mas eram pessoas que conhecia há muitos anos. (…) Estupidamente fiz isso, falei com as pessoas e deram-me os cartões”, afirmou no início da audiência.
Ajuda a clientes passava também por evitar comissões
“Ainda hoje não percebi”, respondeu quando questionado pela juíza presidente sobre “o que correu mal” para levar às queixas de desvio de dinheiro.
O ex bancário colocou a hipótese que cerca de metade da quantia de 460 mil euros tenha resultado de transferências para evitar comissões penalizadoras a 20 a 25 clientes que pretenderiam aceder a dinheiro em obrigações e fundos de investimento antes do prazo. “As pessoas confiavam em mim e eu ficava com instruções de transferências assinadas (…) Só se queixaram depois de eu sair do banco”, estranhou, garantindo que havia “um caderno com listagens que não surge no processo”. Insistiu, ainda, que nunca usou dinheiro de clientes em proveito próprio, sem esclarecer, por exemplo, a compra de uma viatura automóvel.
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