A recente decisão do governo de baixar a idade mínima para o rastreio do cancro da mama para os 45 anos é uma medida que merece ser aplaudida. Esta decisão, alinhada com as recomendações europeias, é mais do que um avanço técnico – é um passo vital para a melhoria da saúde pública e para a proteção da vida de milhares de mulheres.
Por Diogo Fernandes Sousa *
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O cancro da mama é uma doença oncológica frequente entre as mulheres, com cerca de nove mil novos casos diagnosticados anualmente em Portugal, e que ainda hoje é responsável pela morte de mais de duas mil mulheres por ano. Estes números revelam a necessidade urgente de reforçar as medidas de diagnóstico precoce. O rastreio precoce tem-se mostrado um dos principais fatores de sucesso no tratamento desta doença.
Ao baixar a idade de rastreio para os 45 anos, Portugal segue as orientações da União Europeia, mas, mais importante, está a ajustar-se à realidade de que a incidência do cancro da mama em mulheres mais jovens tem aumentado. Esta medida é, por isso, uma resposta adequada a essa tendência. Quanto mais cedo for feito o rastreio, maiores são as probabilidades de detetar a doença numa fase inicial, permitindo que o tratamento seja mais eficaz e, em muitos casos, evitando que o cancro se espalhe para outras partes do corpo.
Outro ponto a considerar é o impacto psicológico e emocional do diagnóstico. O cancro da mama não é apenas uma questão de saúde física, mas uma experiência emocionalmente desgastante que afeta não só a doente, mas também a sua família e círculo próximo. O stress de um diagnóstico avançado pode ser devastador, tanto pelo prognóstico mais reservado como pela necessidade de tratamentos mais agressivos.
Porém, para que o rastreio seja verdadeiramente eficaz, é crucial que o Estado assegure que todas as mulheres elegíveis sejam efetivamente rastreadas. O envio de cartas-convite e mensagens ou a deslocação de unidades móveis de rastreio para os centros de saúde são ferramentas importantes, mas devem ser acompanhadas por mais campanhas de sensibilização que alertem para a importância do rastreio e incentivem a participação ativa das mulheres neste processo.
Em suma, a antecipação do rastreio do cancro da mama para os 45 anos é uma medida muito positiva, que pode ter impacto na redução da mortalidade associada a esta doença em Portugal. É um passo no sentido certo, promovendo o diagnóstico e o tratamento precoces e, acima de tudo, a salvaguarda da vida e bem-estar de milhares de mulheres e das suas famílias.
* Docente do Instituto Politécnico Jean Piaget do Norte.
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