Num mundo cada vez mais populista, desinformado e sensacionalista, mais importante que tomar decisões baseadas na ciência e investigação é optar por medidas populistas que gerem “likes”, partilhas e manipulem a opinião dos mais desinformados. O afastamento da população do mundo rural e dos métodos de produção faz com que a exista muita desinformação sobre o setor agrícola.
Por Marisa Costa *
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OS JOGOS OLÍMPICOS são um bom exemplo. Leio notícias que dão conta que as refeições não estão de acordo com as preferências alimentares dos atletas e que se promove as opções vegans. Está a reduzir-se as opções de proteína à base de carne, optando-se por alternativas à base de plantas. O objetivo desta decisão é tornar esta edição a mais sustentável da história, mesmo que para isso se esteja a comprometer o rendimento e performance dos atletas.
Obviamente que a sustentabilidade ambiental é importante e temos todos que trabalhar em prole da SUSTENTABILIDADE nunca esquecendo todas as suas dimensões: ambiental, social e económica. A FAO refere que as emissões globais da pecuária chegam aos 12%, comparativamente com os combustíveis fósseis que atingem aproximadamente 75%. Acredito que a maioria dos atletas e respetiva equipa técnica se tenha deslocado para Paris de avião, mas a forma adotada para de reduzir as emissões foi reduzir as opções e carne.
Entretanto chegam-nos também notícias da Dinamarca que está a avançar com a primeira taxa de carbono sobre a agricultura. Os agricultores serão obrigados a pagar pelas emissões de gases com efeito de estufa de cada um dos seus animais. Foi aprovado que por cada por tonelada de emissões de dióxido de carbono provenientes da produção animal, incluindo vacas, porcos e ovelhas os criadores terão que pagar uma taxa.
A agricultura é o único setor que contribui de forma direta para a descarbonização da economia. A captação de dióxido de carbono (CO2) e a adoção de práticas sustentáveis geram benefícios ambientais e económicos. A questão quem se coloca é: Será mesmo este o caminho para a sustentabilidade ambiental? Perante estas notícias seremos capazes de rejuvenescer o setor agrícola europeu? Será sensato apelar aos jovens para desenvolverem uma atividade que está constantemente a ser alvo de medidas, regras e imposições que prejudicam quem faz do cultivo da terra e da criação de animais o seu modo de vida?
O setor primário alavanca todos os outros sectores e impacta a economia. O sector agroalimentar é estratégico para a autonomia, coesão territorial e desenvolvimento económico.
Deixemos de demonizar a agricultura e tenhamos a capacidade de potenciar os nossos recursos naturais, usemos a formação, a ciência e a investigação como nossas aliadas.
* Vice-presidente da AROLEP – Associação dos Produtores de Leite de Portugal Artigo publicado em Agroportal.pt.
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