A Secção Regional do Centro da Ordem dos Arquitectos (SR-CTR) manifesta a sua «veemente discordância» quanto à possibilidade de demolição da Vivenda Aleluia, situada nos números 168 a 172 da Avenida Dr. Lourenço Peixinho, em Aveiro.
Datada de 1929, da autoria do arquiteto Francisco Augusto Silva Rocha (1864-1957), «esta obra tem um carácter histórico, cultural, estético e autoral que justifica a sua proteção, preservação e valorização», afirma o presidente da Secção Regional do Centro da OA, Carlos Reis Figueiredo. «A ausência de classificação do imóvel não pode constituir argumento suficiente para viabilizar a sua demolição.»
Retomando uma posição assumida pela Câmara Municipal em 2006, sustentada por um parecer do extinto IPPAR – Instituto Português do Património Arquitetónico, a SR-CTR defende que os poderes públicos com competência na área do património devem mobilizar todos os esforços para viabilizar a classificação e proteção imediata deste imóvel, reconhecendo, em linha com o estipulado na Lei de Bases do Património Cultural (art.º 15.º da Lei 107/2001, de 8 de setembro), o valor do edifício à escala da comunidade, impedindo a sua demolição iminente.
O arquiteto Silva Rocha viveu e trabalhou em Aveiro, sendo o autor de um conjunto de obras que contribuíram para a afirmação da cidade no campo da produção arquitetónica, nas primeiras décadas do século XX, possibilitando que atualmente Aveiro seja reconhecida como a cidade-museu da Arte Nova em Portugal.
A Vivenda Aleluia, mandada construir por Gervásio Aleluia (um dos proprietários da Fábrica Aleluia) após a abertura da antiga Avenida Central, é representativa de um período tardio da obra de Silva Rocha, aproximando-se do estilo da «casa portuguesa» preconizado por Raúl Lino. A casa integra, igualmente, um valioso património cerâmico e decorativo associado ao legado da indústria cerâmica da cidade.
Desde 1974, a Vivenda Aleluia funcionou como sede da Organização Regional de Aveiro do Partido Comunista Português, que, tendo adquirido o imóvel em 2014, pretende proceder à demolição do edificado para realizar uma nova construção de sete andares.
Ordem dos Arquitetos
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