Das fábricas e trabalhos em lares para o tráfico de droga

1998
Tribunal de Aveiro.

O Tribunal de Aveiro começou a julgar um casal que, alegadamente, manteve intensa atividade no tráfico de droga, fornecendo heroína e cocaína a consumidores residentes nos concelhos de Águeda, Oliveira do Bairro e Aveiro.

O homem, de 51 anos, e a mulher, de 49, encontram-se em prisão preventiva há um ano, quando foram detidos pela GNR de Águeda, após  uma investigação que durou cerca de 11 meses.

No início do julgamento, esta sexta-feira, a arguida assumiu a maioria dos factos imputados a si, bem como o envolvimento do seu ex-companheiro.

A acusação refere que o casal vivia do tráfico de droga. No entanto, a mulher esclareceu que manteve atividade laboral como operária fabril e auxiliar em lares, sempre em regime precário, adiantando que passou a traficar quando o companheiro ficou em prisão domiciliária. Inicialmente “consumia mais do que vendia”, mas após a separação passou a fornecer, também, clientes do arguido que a procuravam.

A acusada negou que tivesse usado um quarto onde residiu, em Esgueira, Aveiro, numa altura em que tinha apoio social, para a entrega de droga a consumidores da zona que trazia do Porto.

Tinha “pena” de alguns toxicodependentes que “eram pobres coitados”

A mulher disse que nem sempre cobrava a droga toda ou vendia a preço mais barato, nomeadamente quando tinha “pena” de alguns toxicodependentes que “eram pobres coitados”.

Além de vigilâncias, a GNR manteve os telemóveis da arguida sob escuta. Numa das conversas, uma cliente chama a atenção da acusada para “o eco” durante as chamadas, alertando-a para a possibilidade de estar a ser escutada, o que levou a tomar mais cuidado, evitando referências a droga.

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