Deixa lá que isso de ser criativa não é para mim! A criatividade é para os artistas!” – disse a Dona Fátima, que em tempos pandémicos criou uma nova forma de vender as suas roupas, que não tem medo de errar e não se deixa parar pelo julgamento dos outros. Se você, caro(a) leitor(a), é como a Dona Fátima, esta rúbrica é para si. Senão, também é para si, pois tal como a criatividade, ela é para todos.
Por Erika Ribeiro ([email protected]) *
Não foi apenas a Dona Fátima que teve que ser criativa durante a pandemia da COVID-19, mas também os farmacêuticos que criaram a vacina contra a doença, os professores que precisaram encontrar novas formas de ensinar e tantos outros “criativos do dia a dia” que tiveram que se reinventar. Mas o que é a criatividade? Ainda não temos uma definição consensual entre os estudiosos, no entanto, sabe-se que a criatividade é uma ferramenta nos ajuda a resolver problemas e encontrar soluções únicas, através de um processo de criação de muitas e variadas ideias e escolha da melhor em um determinado contexto.
Se há um consenso entre os investigadores é que a criatividade não é apenas para os artistas. Nós nascemos potencialmente criativos, porém vamos perdendo esta capacidade com o passar dos anos. As expectativas da escola, da família, da sociedade, nos impõe bloqueios e medos. Acomodamo-nos em dar a “resposta certa” ou seguir um único caminho seguro, mas nada está perdido, ainda podemos melhorar o nosso potencial criativo ao longo da vida com algum treino, quase como um ginásio da criatividade.
Nesse sentido desenvolvo a minha tese de doutoramento, sob orientação da Profª Doutora Ana V. Rodrigues (Universidade de Aveiro) e co-orientação da Profª Doutora Jen Katz-Buonincontro (Drexel University). A investigação pretende atuar na formação inicial dos professores do 1º Ciclo de Ensino Básico, para que possam desenvolver a criatividade de seus alunos enquanto ensinam temas relacionados às Ciências.
Os resultados preliminares reforçam a importância de investir na formação de base dos professores, para que, tendo oportunidades de vivenciar metodologias e ferramentas de ensino e de aprendizagem inovadoras, possam utilizar com seus futuros alunos. É essencial entender a importância da criatividade no desenvolvimento da sociedade, preparando os futuros cidadãos para resolver problemas que podem ainda nem existir, mas com o domínio desta capacidade estarão aptos para criar soluções inovadoras para desafios societais.
Por fim, desafio-o a fazer algo pela primeira vez. Ande pela casa de costas, lave os dentes com a mão não dominante… Evite o julgamento. Escreva-me a contar como foi a experiência. “Criativo(a), porque não eu?!”. Este trabalho conta com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, através da bolsa individual de investigação UI/BD/152209/2021.
* Investigadora do Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro. Texto originalmente publicado em UA.pt. A tese de doutoramento de Erika Ribeiro pretende atuar na formação inicial dos professores do 1º Ciclo de Ensino Básico, para que possam desenvolver a criatividade de seus alunos enquanto ensinam temas relacionados às Ciências.
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