A criatividade é, hoje, uma das competências mais valorizadas no mercado de trabalho. De acordo com o relatório de 2023 do European Skills Panorama, que inquiriu 300 empregadores de 29 países, o pensamento crítico e a capacidade de inovar e de resolver problemas de forma criativa estão entre as competências mais procuradas. O relatório Futuro dos Empregos 2023 do Fórum Económico Mundial refere também que o pensamento criativo é a segunda competência mais importante para os trabalhadores, depois do pensamento analítico.
Por Paulo Jorge Ferreira *
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Esta valorização não é surpreendente, dado o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas e das necessidades de adaptação constante. A criatividade é uma vantagem competitiva para todos, porque o grande desafio vai para além do conhecimento ou da tecnologia; passa pela capacidade de transformar e reinventar criativamente a aplicação do conhecimento em inovação e em novas formas gerar valor. Promover a criatividade no Ensino Superior representa, no entanto, um desafio significativo. Em geral, o contexto educativo tradicional tende a penalizar o erro. Para que a criatividade possa florescer, é fundamental mudar, reavaliando as abordagens pedagógicas em função das necessidades.
É essencial despenalizar o erro. Criar espaços, seja em ambiente de aula, seja no contexto extracurricular, onde o erro possa integrar o processo de aprendizagem, de forma a que haja oportunidade para refletir, interpretar e falhar. Muitas vezes, é neste contexto de alguma imprevisibilidade e tolerância ao erro que as inovações emergem e muitos problemas encontram soluções.
As instituições de Ensino Superior (IES) não são alheias a esta necessidade de valorizar a criatividade. A transformação já começou. A Universidade de Aveiro, por exemplo, tem vindo a alargar a adoção de várias metodologias ativas no ensino e aprendizagem (Project Based Learning ou PBL, Problem Based Learning ou Challenge Based Learning, ou seja, aprendizagem baseada em projetos, problemas ou desafios).
Os estudantes são desafiados a aplicar os conhecimentos teóricos na procura de soluções inovadoras e na resolução de problemas e desafios reais, passando por várias etapas cruciais para o desenvolvimento da criatividade, como a análise, a formulação de hipóteses e o seu teste.
O enfoque em métodos como o PBL não significa a desvalorização do conhecimento teórico e da formação de base para o desenvolvimento da criatividade. Pelo contrário: sem uma compreensão sólida dos fundamentos teóricos, a aplicação prática pode tornar-se superficial, ineficaz ou mesmo impossível. O equilíbrio entre ambas é fundamental.
Vale a pena pensar nisso.
* Reitor da Universidade de Aveiro. Artigo publicado no Jornal de Notícias e no site UA.pt.
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