Este é um convite à descoberta de um lugar único numa fronteira da nossa região, um segredo bem guardado nas ‘Montanhas Mágicas’. Diz-se que uma viagem começa muito antes de nos fazermos ao caminho. Inicia-se quando desejamos o destino, quando pesquisamos sobre ele, quando anotamos o que queremos ver, fazer ou descobrir.
Por Vasco Figueiras *
Uma visita a Couto de Esteves não precisa de grande preparação. Esta freguesia serrana do concelho de Sever do Vouga está cheia de lugares encantadores onde se criam gentes simples e acolhedoras.
Onde ir
Couto de Esteves, viu nos últimos anos a sua paisagem completamente modificada com o surgimento da albufeira da Barragem de Ribeiradio. Os vales mais fundos e os terrenos mais férteis transformaram-se num imenso e belo espelho de água.
O resultado: ouro sobre azul! Indispensável é ir, ao já bem conhecido, miradouro da paz. Saboreie a vista do alto do cabeço da capela de Nossa Senhora da Paz na aldeia do Barreiro (40°45’59.90″N 8°16’24.21″W). Inspire e inspire-se, aprecie o belo manto de água adormecido e a grandeza plana que agrada aos olhos. Se esperar que o sol rume em direção a Aveiro, como que a mostrar o caminho à água, a paisagem transformar-se-á num enorme espelho dourado que aquece a alma. Imagine-se sozinho numa das ilhas que tem à sua frente, aproveite.
Para sair dos trilhos… O ideal, é esquecer as horas e passear livremente na descoberta das várias pequenas aldeias que compõem a freguesia. Pode descobrir uma pouco mais da albufeira numa caminhada ao longo do estradão que acompanha a água pelas margens desde o lugar do Barreiro até à ponte pedonal do Chão do Rio (40°45’30.84″N 8°17’56.57″W). Para quem gosta de andar nos trilhos, são três os percursos pedestres que encontramos bem sinalizados e limpos na freguesia.
O Trilho da Agualva (PR 7 SVV) com a extensão de aproximadamente 11km, circular, percorre as aldeias de Couto de Esteves, Lourizela, Parada e Couto de Baixo. Este percurso é um laboratório ao ar livre: alunos, professores, curiosos, encontram aqui, um espaço de aprendizagem e de deleite. Acompanhe o percurso do ainda livre rio Lordelo/Arões, observando a fauna e flora e os sítios de interesse geológico deste rio de montanha, associado ao trabalho feito pelo homem na paisagem. São vários os moinhos, açudes, pontes, regadios, quedas de água de tirar o folgo e outros elementos sempre presentes na história e imagem deste território, trazem consigo toda a essência do meio ambiente que envolve esta terra, Sever do Vouga.
No Trilho da Pedra Moura (PR 8 SVV), exploramos o expoente do megalitismo na nossa região: robusto, imponente, inserido numa necrópole, em plena serra do Arestal, a Anta da Cerqueira ou Pedra da Moura (40°46’47.88″N 8°18’35.07″W) é um dólmen muito completo com cerca de 5000 anos, reutilizado por comunidades do calcolítico ou mesmo da idade do bronze. Para iniciar este percurso partimos do centro histórico da também ancestral vila de Couto de Esteves (40°45’27.02″N 8°18’26.00″W). Descobrir o pelourinho junto ao antigo edifício da câmara municipal e cadeia, os belos cruzeiros, o casario em pedra e a igreja matriz com o seu luminoso arco em talha dourada. Este é um percurso em que se pode deliciar com o pormenor da vida na aldeia, as alminhas e acompanhar o ritmo tranquilo da água no regadio do rio Gresso.
Conhecer uma recuperada Aldeia de Portugal no Trilho dos Amiais (PR9 SVV). Ruas e casas recuperadas e, hoje, novamente habitadas. A aldeia dos Amiais (40°44’48.18″N 8°18’36.92″W) está mais bela do que nunca, com a albufeira em pano de fundo. O granito reina, nos caminhos, nas casas, na gigante eira e nos seus canastros. Este percurso leva-nos ainda à aldeia de Couto de Baixo, onde se deve demorar na descoberta da Casa da Fonte (40°45’8.86″N 8°18’20.13″W). Um lugar romântico, como vários séculos de história. Um casal que teve 11 filhos: um foi sagrado bispo de Portalegre, outro lente prima na Universidade de Coimbra e deu continuidade ao Morgadio da Casa da Fonte, 4 foram freiras no Real Mosteiro de Arouca e outra em Coimbra. Uma casa e quinta que evoca esta e outras histórias e lendas.
Onde ficar
Pare. Repare. Veja as montanhas em degradé de azul quando se tornam mais distantes, como nos encorajam a apreciar a beleza singular e a sentir a energia poderosa que transmite serenidade. Neste território, a simplicidade é a essência da fibra destas pessoas, da sua identidade. Ruralidade, paisagem, saber receber, um povo que continua a trabalhar a paisagem, a criar os seus animais nos seus campos, que cuidam das suas hortas, mas que também criam os seus postos de trabalho e investem nas suas empresas. Exemplos desses investimentos são os vários de Alojamentos Locais de excelente qualidade que surgiram nos últimos anos na freguesia. A Quinta da Olga é um exemplo, numa pesquisa rápida na internet e encontrará vários, descubra e desfrute.
Onde comer
Saboreie. Nestas aldeias, come-se bem em qualquer casa. Basta percorrer os caminhos, quando forem horas de fazer o almoço ou o jantar e sentir os cheiros e aromas. Os produtos são de primeira qualidade, os fornos de lenha e os pratos de vileta e cabrito à moda de Sever, com o arroz, são pratos ricos, perfumados e saborosos. Se não tiver a sorte de ser convidado a sentar-se a mesa de algum vizinho, vá ao restaurante O Júnior ou ao Cantinho da Eira, e sairá deliciado. Para sobremesa ou lanche compre mirtilos, framboesas ou groselhas, está na Capital do Mirtilo, quem reinas sãos os pequenos frutos. Vai encontra-los em qualquer lado, nos meses de verão. Se tiver a sorte de visitar a Couto de Esteves num domingo da Feirinha da LANCE, esse é um local excecional para encontrar os melhores produtos… Frutos, legumes, pão caseiro, compotas, licores, espumantes, aromas e sabores, produtos locais, artesanato, dos nossos agricultores e produtores.
O que fazer
Couto de Esteves é atravessado por dois rios livres: o rio Gresso/Branco e o rio Arões/Lordelo. É nos vales destes rios que se encontram bosques relíquia, mergulhe num “banho de floresta”, pode embrenhar-se na natureza, sentir e escutar os sons e os cheiros, e contemplar as belezas de toda a envolvente natural. Lance-se à descoberta de uma das várias cascatas que marcam ambos os rios, destaco a cascata e passadiços do Gresso(40°46’4.00″N 8°19’53.73″W), o Poço da Vaca(40°47’1.81″N 8°17’6.12″W), os açudes e a cascata da Agualva (40°45’58.97″N 8°17’38.47″W) no rio Lordelo. Se quiser sentir adrenalina, estes rios são ainda ideias para a prática de canyoning, aventure-se. Se preferir queimar mais algumas energias, ao mesmo tempo que procura o seu equilíbrio, pratique stand up paddle, ou apenas paddle, na albufeira e sinta-se em plena harmonia com o universo.
Lembre-se que para praticar estas atividades mais radicais deve contratar uma empresa que lhe proporcione todo o conforto e segurança necessários, por exemplo a Desafios® – Desporto & Aventura ou a Boca do Lobo Desporto Aventura. A verdadeira experiência em Couto de Esteves, para além da descoberta da paisagem é a descoberta das pessoas, e nada melhor para conhecer este povo do que participar nas iniciativas que as associações culturais, recreativas e desportivas organizam, a grande maioria delas gratuita. Caminhadas, exposições, convívios gastronómicos, recriações, peças de teatro, provas desportivas, concursos, etc. Destacamos a Associação Desportiva e Cultural de Lourizela e a LANCE.
Apreciar a arquitetura destas aldeias e a genuinidade das suas tradições, os usos e costumes dos seus habitantes é algo que não vai querer perder num dos seus passeios. Visite Couto de Esteves, descubra, preserve e valorize.
* https://www.facebook.com/vasco.figueiras
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