Não, não é o título de um filme, sequer de um romance. É um drama que está em cena nos palcos de muitos países, de que se conhecem os nomes de alguns actores, mas cujo realizador prefere não constar do cartaz – chama-se dinheiro e foi ele que concebeu toda o enredo deste drama.
ahcravo gorim *
Os tempos mudaram, os países são outros, as utopias desvaneceram-se, o consumo e a ostentação deslumbram, o eu é cada vez maior que o nós.
Vivemos um tempo em que tudo se compra e muitos se vendem, para depois serem insultados por quem os comprou.
É este o modo de actuação do dinheiro: primeiro compra (nem sempre o consegue) os que se lhe opõem, depois denuncia os que se venderam, para os derrubar, escolhendo de seguida o que já é seu. Entretanto fica na sombra, bem instalado, assistindo ao espectáculo por si arquitectado.
Poderia ser este o drama do Brasil, poderia não, é mesmo.
O deslumbramento de alguns dirigentes e eleitos do PT perante o mundo que o dinheiro proporciona, eventualmente ligado a impreparação ideológica, tornou-os presa fácil. Depois foi só começar a lenta destruição dos deslumbrados.
Consultores pagos com bom dinheiro, foram tecendo a trama que levaria ao que estamos a assistir.
Durante a campanha eleitoral estalou uma guerra entre apoiantes dos dois candidatos à segunda volta – porque o ambiente é de guerra e, quem sabe, não vai ficar só pelo ambiente.
Calado, depois de dizer as maiores barbaridades – versão sul americana do vídeo “Trump in America” -, Bolsonaro espera. O dinheiro sorri.
Interessante notar a semelhança entre Trump e Bolsonaro, ambos rodeados pela família que também ocupa cargos políticos – de repente lembrei-me de Itália e o termo família fez-me secar a boca.
Temo pelos brasileiros todos, sem dinheiro ou com ele, mas que votaram e se manifestam contra Bolsonaro. O homem até já faz ameaças de morte! Temo pela América Latina, pela justiça e pelos injustiçados. Temo pelo regresso ao passado.
Sou pela limpidez dos procedimentos e contra a corrupção, defendo a justiça e os direitos humanos, sou pelo direito à diferença e por uma sociedade menos desigual.
Sou contra a corrupção, repito, mas isso nunca me levaria votar Bolsonaro, NUNCA.
Como diz o ditado “é pior a emenda que o soneto ”
#elenão #elenunca
* mestre de artes e ofícios.