Enquanto Portugal se tenta alinhar na organização de mais um evento de grandiosa escala, como é a Jornada Mundial da Juventude, é uma frase do Papa Francisco que tomo como mote para o que penso ser os principais mandamentos para o sucesso das nossas empresas e da nossa economia: “Tenham coragem, não tenham medo de sonhar coisas grandes.”
Por Carlos Moura *
Com as maravilhas e vantagens da nossa geografia, deste país à beira-mar e com um Interior de enorme potencial, temos de ser dos melhores. E o primeiro passo é tomarmos consciência desta realidade e assumir que reunimos todas as capacidades para, com esforço e dedicação, subirmos a fasquia.
Convergem hoje aspetos de cariz político e económicos que é de elementar relevância destacar. Primeiro, uma maioria parlamentar, segundo, uma economia que felizmente cresce acima das expectativas, e terceiro, uma dotação pouco habitual de verbas financeiras comunitárias, com um PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) cuja dotação ultrapassa os 22 mil milhões de euros e cujo período de execução se estende até 2026.
Três realidades que podem, bem conciliadas e garantir os seus principais objetivos, entre os quais, e provavelmente o mais importante, a real recuperação do crescimento económico.
Ninguém tem dúvida de que o turismo congrega setores de atividade extremamente exigentes, mas os dados oficiais demonstram que continua a ser um verdadeiro motor da economia, com especial importância na era pós-pandemia em que são ainda muitas as empresas que lutam por recuperar as perdas. Prova disso são os dados mais recentes do Banco de Portugal, ao revelarem que as receitas provenientes da atividade turística de janeiro a abril deste ano somaram já 6,1 mil milhões de euros, um valor superior em 38,6% ao apurado em 2022 e 43% acima do registado no mesmo período de 2019.
Manter a excelência da nossa oferta exige uma atenção especial e redobrada aos agentes do Turismo, ou seja, aos que para ele trabalham arduamente, que nele pensam estrategicamente, que correm riscos, que investem, que são resilientes e que mostram ao país e ao mundo como se faz bem, como se recebe e se fideliza.
Não obstante as novas projeções do BdP apontarem para um crescimento da economia portuguesa de 2,7% para este ano e sem prejuízo da revisão em alta deste cenário de crescimento para 2024 e 2025, julgo não ser possível abrandar esforços. É, sim, urgente que se cumpram mandamentos que considero essenciais à continuidade desta curva evolutiva ascendente.
E a que mandamentos me refiro? Aos que se seguem.
PLANEAMENTO. Porque nas nossas empresas, não há projeto que vingue sem uma boa programação ou sem um bom planeamento. Também na economia deve prevalecer a articulação do Estado com os agentes económicos e sociais.
CAPACIDADE E RAPIDEZ NA DECISÃO. Porque somos frágeis como país, temos uma economia híper dependente e temos de andar mais depressa que os outros. Temos de ter coragem para tomar decisões e temos de ser rápidos e eficientes a implementá-las.
CONSTÂNCIA LEGISLATIVA. Porque não se ganha confiança na atividade económica sem regras de jogo claras e que não sejam alteradas constantemente. Porque não se podem alterar todos os anos, e muito menos todos os meses, quadros legislativos que impactam diretamente no funcionamento das empresas e dos estabelecimentos.
COMPETITIVIDADE FISCAL E CONTRIBUTIVA. Porque, se há excedentes, temos de ser fiscalmente competitivos. Porque não podemos deixar fugir os nossos talentos. Porque preparamos bem os nossos profissionais nas nossas boas escolas superiores e profissionais de hotelaria e turismo, mas não somos capazes de os reter.
AS PESSOAS COMO ELEMENTO ESTRATÉGICO. Porque é preciso reter os nativos, atrair os que vêm de fora e a todos capacitar. Porque a economia e o turismo dependem do serviço que é prestado, porque gostamos de atrair turistas, mas também gostamos de os fidelizar e isso só se consegue com bom serviço feito por profissionais qualificados e capacitados.
MELHOR ESTADO. Porque um bom Estado só pode ser amigo da iniciativa privada e das empresas. Porque as empresas privadas são o grande motor da economia.
Em tempos de guerra e de oscilações constantes, lembro ainda que, enquanto agentes da comunidade económica privada que somos, temos de ter sempre presente uma ação civil mais forte. Porque temos a responsabilidade de nos unir em associações cada vez mais organizadas. Porque temos de manter a coragem e de sonhar cada vez mais alto.
* Presidente da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal.
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