Há cerca de 2 anos que a humanidade é confrontada periodicamente com novos recordes climáticos. Ao refletir sobre o presente ano, em abril, em plena primavera, os media já comunicavam recordes de temperatura global, que acabaram por ser quebrados nos meses de maio e junho, porém foi julho (dia 22) que contou o dia mais quente alguma vez registado no planeta Terra- a temperatura média global chegou aos 17,15ºC. (Copernicus Climate Change Service).
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De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) existe uma probabilidade de 80% da temperatura global média anual ultrapassar temporariamente 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, em pelo menos um dos próximos cinco anos.
Fenómenos como vagas de calor, secas, incêndios e cheias são cada vez mais frequentes e dispersos pelo globo e, isso, já nem os céticos não podem negar. As previsões induzem, com clareza, que a resistência ao calor continuará a ser testada nos anos vindouros.
Um estudo realizado pela Comissão Europeia de Viagens (ETC) indica que três em cada quatro visitantes europeus (76%) já adotam comportamentos mediante o contexto climático, sendo que um terço (34%) evita destinos com grande probabilidade de ocorrência de eventos extremos. (The Guardian).
Os meses de verão ainda são sinónimo de férias para uma grande parte dos turistas, recaindo a sua escolha em destinos de sol e mar, atualmente os mais afetados por condições meteorológicas extremas. Todavia, o ano 2024 abriu portas a um novo paradigma que direcionou a procura turística para destinos com climas frios, como forma de escapar às ondas de calor sufocantes do Mediterrâneo.
No início do ano, os dados estatísticos do Google Trends reportaram um aumento de 300% nas pesquisas por “cooler holidays”, comparativamente ao ano anterior, sendo que várias revistas e jornais de turismo destacaram o conceito de “coolcation” como uma das tendências de viagens mais relevantes de 2024.
A região da Escandinávia é comummente identificada como rosto desta tendência, não fossem as suas condições meteorológicas as mais refrescantes, os seus vales os mais encaixados, as suas florestas as mais verdejantes, os seus lagos e glaciares os mais límpidos e o seu património um dos mais cobiçados. A verdade é que nos últimos anos, a cultura nórdica tem estado na vanguarda das tendências mundiais, promovendo-se através da velha máxima: “menos é mais”. A forma como a sua moda e lifestyle invadiram o resto da Europa é inegável, assim como o seu design e decoração, não sendo, por isso, uma surpresa que o setor do turismo esteja a ser influenciado. Mas, outros destinos estão também a ser procurados com o mesmo intuito, como a Finlândia, Islândia, Gronelândia, Ártico, ilhas Britânicas e Alasca.
Alguns dados estatísticos que comprovam o crescimento desta tendência:
– Durante o primeiro semestre de 2024, o Airbnb registou um aumento anual de 15% na procura por alojamento de verão na Noruega, Suécia e Alasca. (The Independent);
– A operadora de luxo Kensington Tours revelou que as reservas de viagens para a Noruega, e para os meses de verão, aumentaram 37% em relação ao ano passado. (New York Post);
– O número de bilhetes de avião emitidos em junho para chegadas internacionais à Noruega, Irlanda e Suécia este verão aumentou 19%, 13% e 11%, respetivamente, em relação ao ano anterior, segundo a ForwardKeys. (The Independent);
Não tenhamos dúvidas quanto ao facto de a emergência climática já estar a alterar os tradicionais padrões de viagem. Para escapar ao caloroso verão mediterrâneo, muitos turistas irão escolher o conto de fadas nórdico, o que não significa que estes não regressem ao mediterrâneo nos restantes meses do ano, em específico, nas estações intermédias. Cenário que aponta para uma necessidade de gestão equilibrada dos recursos e serviços durante todo o ano, de modo a salvaguardar as dinâmicas de quem é residente.
* Artigo publicado originalmente no blog IPDT.
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