Sempre li muito desde jovem. Sempre gostei de escrever. Não propriamente de escrever, mas de tentar criar Arte Literária ao escrever. Digo isto sem qualquer ponta de presunção. A literatura, seja prosa ou poema, é uma arte como outra qualquer, como a pintura, a música, a dança, o teatro…
Por Adão Cruz *
Este é um livro de contos, construído na sua maior parte por estórias verdadeiras, outras baseadas em acontecimentos reais e poucas totalmente ficcionadas.
Umas muito antigas, outras menos e algumas relativamente recentes. Dei-lhe este título porque não encontrei outro mais adequado ao que eu sempre senti ao escrever estas estórias.
Por um lado, são contos de vidas em que autor e personagens interagem nas suas próprias vivências, na tristeza e na alegria, no humor e na tragédia, na coragem e desânimo, questionando sempre o sentido da cumplicidade no caminho das certezas e incertezas, das verdades e das mentiras.
Por outro lado, sinto que a nossa vida, nesta prodigiosa interface entre o sangue e a mente, não é mais do que um eterno dilema e um constante questionar entre o que somos e não somos.
Sempre li muito desde jovem. Sempre gostei de escrever. Não propriamente de escrever, mas de tentar criar Arte Literária ao escrever. Digo isto sem qualquer ponta de presunção. A literatura, seja prosa ou poema, é uma arte como outra qualquer, como a pintura, a música, a dança, o teatro…
No meu entender, são sentimentos poderosos, não em termos sentimentalistas, mas em sentido neurobiológico. Por isso, sempre preferi chamar à Arte, Sentimento Artístico. Fazendo parte integrante deste, existe o Sentimento Poético, cuja amplidão e beleza percorrem transversalmente todas as formas de Arte, como sangue ou seiva. Daí, eu acreditar que qualquer forma de expressão artística só o é, se contiver dentro de si a poesia. Por isso eu a procuro em tudo o que escrevo. Não sei se alguma vez o consegui.
“Contos do Ser e Não Ser” reúnem histórias como médico em Portugal e em tempos de Guerra Colonial da Guiné, tempos em que um denso nevoeiro cobriu a alma como sangue que corre das feridas do tempo, do tempo e do medo, do medo da guerra, da dor de uma mãe e do choro convulso de um pai, e da saudade arrancada à vida e à liberdade. Ou relatos do dia a dia no Porto com um olhar atento às mudanças físicas, de humor e de perspetiva, devido ao passar do tempo, das terceira e quarta idades, a sua profunda poesia e a dramática coreografia da antecâmara da morte. Contos de vida de uma época em que não era proibido sonhar, pelo contrário, era obrigatório sonhar e reflexões acerca do ser único e absoluto, criador do Universo.
* Nasceu em Vale de Cambra há oito décadas. Licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto foi médico generalista em Vale de Cambra, médico na Guerra Colonial da Guiné, ex-assistente hospitalar de cardiologia graduado em chefe de serviço, sócio da Sociedade Portuguesa de cuidados intensivos e um dos médicos cardiologistas pioneiros na técnica Eco-Doppler em Portugal. É sócio da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, da Sociedade Europeia de Cardiologia, do Sindicato dos Médicos do Norte e da Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos. Tem doze livros publicados, entre poesia, contos, pintura e cardiologia, além de frequentes colaborações em jornais, revistas e blogues.
Pintor desde a década de oitenta, fez diversas exposições individuais e coletivas em Portugal e no estrangeiro, ilustrou a capa de livros de alguns autores e tem quadros seus em sete países.
Editora: Editora Europa
Preço: € 12,90
Gênero: Narrativa
Coleção: Universos
Grupo Editora Europa
www.editoraeuropa.com
Publicidade, serviços e donativos
» Está a ler um artigo sem acesso pago. Faça um donativo para ajudar a manter o NotíciasdeAveiro.pt de acesso online gratuito;
» Pode ativar rapidamente campanhas promocionais, assim como requisitar outros serviços.