Como pode uma carta ajudar jovens a sentirem a ciência como sua?

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"Cartas com ciência" (Facebook).
Natalim3

Vamos precisar de responder coletivamente a vários desafios, desde a crise climática à desinformação. A comunicação e a educação de ciência são peças chave, pois oferecem à sociedade fora da comunidade científica a oportunidade de conhecer e participar em processos de construção de conhecimento sobre o mundo. No entanto, estas oportunidades não são iguais para todas as pessoas.

Por Mariana Alves *

Estudos mostram que pessoas jovens de comunidades de baixos rendimentos estão sub-representadas no ensino superior e nas carreiras científicas, em parte porque têm menos acesso à ciência e a cientistas. As iniciativas de comunicação e a educação de ciência podem contrariar estas tendências, e ajudar a construir um sentimento de pertença na ciência – por outras palavras, sentir que “a ciência pode ser para mim, se eu quiser” ou que “eu” ou “a minha comunidade” fazemos parte das pessoas para quem a ciência é importante. Para tal, devem almejar ser pluricêntricas, socialmente justas, e basear-se em evidências (por exemplo estudos sobre comunicação e educação de ciência) e processos de reflexão.

O meu projeto de investigação está integrado na parceria do CIDTFF com a “Cartas com Ciência”, iniciativa sem fins lucrativos que cria espaços de diálogo entre cientistas e estudantes em todos os países de língua portuguesa. Nas cartas não se fala só sobre ciência, mas também sobre trajetos e aspetos culturais das vidas de cada par jovem+cientista.

Tenho muita curiosidade em tentar compreender como é que diferentes temas de uma carta poderão transformar as atitudes e perceções que a pessoa jovem possa ter sobre ciência. Será que, para criar oportunidades para que a pessoa jovem sinta que a ciência pode ser para si, a pessoa cientista precisa de partilhar factos científicos?

É importante notar que nenhuma das ideias que aqui partilho é só minha, mas inserem-se no ecossistema da “Cartas com Ciência”, do CIDTFF, e das comunidades de pesquisa e de prática em comunicação e educação de ciência.

A mim, pessoalmente, interessam-me muito estas perguntas, como a do título desta crónica – ainda não sei a resposta, mas é mesmo a isso que me proponho responder com a minha investigação.

* Investigadora doutorada no Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF), na Universidade de Aveiro, e codiretora da Cartas com Ciência. Artigo publicado originalmente no site UA.pt.

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