Arrancou esta terça-feira no Tribunal de Aveiro o julgamento de uma pretensa associação criminosa desmantelada em 2020 durante uma operação de combate ao tráfico e comércio ilegal de meixão (enguia ‘bebé’), uma espécie protegida, com destino à Ásia.
No processo estavam acusadas seis pessoas, três das quais de nacionalidade chinesa. Destes, dois serão julgadas à parte, por não terem sido localizados. Nenhum dos quatro arguidos levados a julgamento quis prestar declarações no início da audiência, pelo que o tribunal agendou a continuidade dos trabalhos para a próxima quinta-feira, iniciando a audição das testemunhas.
O cidadão chinês que está a ser julgado seria quem coordenava a recolha, transporte e funcionamento de viveiros, um dos quais funcionou num armazém na Gafanha da Nazaré, Ílhavo. Também teria a seu cargo a angariação de conterrâneos, a quem pagava para se deslocarem a Portugal durante curtos períodos de tempo para fazerem o transporte por via aérea do meixão em malas de viagens adaptadas para o efeito.
O alegado ‘cabecilha’, que tinha residência na Gafanha da Nazaré, contava com a colaboração de cidadãos portugueses. Três são arguidos. Um dos arguidos é mariscador, que também se dedica a aquacultura, cedendo as instalações com tanques de água (também eram usadas habitações). Ajudava na recolha de meixão na ria e tratava da sua conservação em viveiro. Outro indivíduo assegurava tarefas ‘logísticas’ várias, como pedido de ‘vistos’ para os chineses ou a marcação das viagens.
Em causa no processo que está a ser julgado em Aveiro estão crimes de associação criminosa, contrabando e dano contra a natureza.
O meixão é uma espécie protegida com muita procura na Ásia, atingindo nos mercados locais preços muito elevados.
As autoridades policiais encontraram na Gafanha da Nazaré cerca de 80 quilos de meixão prontos a ser transportados e seis dezenas de malas. Apreenderam, também, cerca de 24 mil euros.
Uma operação da Polícia Marítima em 24 locais do distrito do Porto, de Braga e de Aveiro resultou, em janeiro de 2020, na detenção de 10 indivíduos, quatro deles estrangeiros, e apreensão de cerca de 400kg de meixão.
O valor aproximado de venda no mercado final poderia chegar a dois milhões de euros.
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